As gêmeas Isadora e Giovanna Trusz, 16 anos, são hoje as principais promessas do beach tennis feminino gaúcho. Multicampeãs nas competições amadoras, as estudantes disputam a categoria profissional há um ano e serão atrações neste fim de semana na Sul Special Cup, etapa de Porto Alegre do circuito mundial.
Isadora fez parte da seleção brasileira juvenil, que conquistou o vice-campeonato mundial em outubro, no Rio de Janeiro, formando dupla na final contra a Itália com a paranaense Vitória Marchezini, número 1 do mundo na categoria. Apesar da vitória sobre a dupla feminina italiana, a seleção europeia acabou vencendo na masculina e na mista, conquistando o título.
— O Mundial me deu muita confiança. Ganhamos muita visibilidade e repercussão. Depois, a Vitória ainda me convidou para jogar um torneio em São Paulo, o que foi uma surpresa para mim — conta Isadora.
As gêmeas gaúchas disputaram recentemente torneios importantes em Campinas e em Curitiba e impressionam os atletas do circuito nacional pela qualidade técnica e, principalmente, pela tranquilidade que demonstram em quadra, mesmo nos momentos mais difíceis dos jogos.
— Os gaúchos estarão muito bem servidos no futuro com as irmãs Gi e Isa Trusz. Gosto muito delas. Acompanhei a Isa no Mundial, e achei ela impecável na final contra a Itália _ elogia a paranaense Marcela Vita, 32 anos, número 3 do Brasil e 9 no mundo.
Unidas dentro e fora de quadra, as gêmeas traçam objetivos um pouco distintos para o futuro na modalidade.
— Estou cada vez mais motivada em crescer como atleta profissional, e o meu sonho é defender o Brasil no Mundial na categoria profissional e atingir o top 10 do ranking internacional — almeja Isadora.
A irmã, por sua vez, tem planos um pouco diferentes.
— Eu adoro beach tennis, mas não penso nisso como uma profissão. Quero fazer faculdade e penso em cursar medicina veterinária. Mas quero também jogar no profissional e viajar com o esporte, sempre buscando vitórias para o Brasil — completa Giovana.
Porém, as atletas gaúchas têm uma desvantagem importante em relação aos homens. Hoje, o ranking feminino da Federação Gaúcha de Tênis (FGT) registra apenas quatro beachtennistas profissionais. Além de Isadora e Giovana Trusz, completam a lista Giovanna Pedrini, 17 anos, e Sofia Kelbert, 50. Logo, como não há atletas suficientes, as competições estaduais femininas acabam não tendo participantes suficientes.
— A nossa maneira de evoluir é mantendo os treinos constantes. Eu treino todos os dias aqui em Porto Alegre para atingir um nível bom, mas as partidas dos campeonatos são importantes para a nossa evolução — relata Giovanna Pedrini, que procura competir em todos os torneios válidos pelo circuito mundial, geralmente em outros estados.
Já Isadora também costuma viajar com a irmã para fora do estado e lamenta a falta de competições profissionais femininas no Rio Grande do Sul.
— Isso não é bom para a nossa evolução, pois só conseguimos disputar torneios fora do estado. A maioria das atletas que poderia jogar na categoria profissional tem mais idade e acaba preferindo jogar na categoria 40+. Isso é um desafio para o beach tennis gaúcho — comenta Isadora.
A FGT considera a formação de novas atletas uma prioridade e planeja investir a partir do próximo ano no desenvolvimento das competições de base.
— Isso não é uma questão exclusiva do beach tennis, é do esporte em geral, pois culturalmente há menos mulheres praticando. E a maioria dos atletas iniciou no beach tennis na fase adulta, enquanto a garotada começou a jogar há menos tempo. Por isso, buscaremos estruturar o circuito infantil e infanto-juvenil para desenvolver novas atletas para a categoria profissional — projeta o diretor de beach tennis da entidade, Aurélio Mello.