No topo da tabela, mas sem chegar ao topo, a seleção argentina do astro Lionel Messi chega à Colômbia, país que está conturbado por uma série de protestos, em um duelo que terá público pela primeira vez nas Eliminatórias para a Copa do Catar-2022.
A convulsão social que já deixou dezenas de mortos na Colômbia interrompeu várias partidas da Libertadores em Barranquilla por causa do gás lacrimogêneo em campo e custou ao país a sede da Copa América-2021, transferida para o Brasil.
Mesmo assim, as autoridades deram sinal verde para que o jogo das eliminatórias sul-americanas desta terça-feira na cidade caribenha, a partir das 18h locais (20h de Brasília), receba um público que ocupe 25% da capacidade nas arquibancadas do estádio Metropolitano.
Os manifestantes que protestam desde o final de abril contra o governo de Iván Duque convocaram protestos em torno do estádio, onde a Argentina chegará com a segunda melhor campanha, com 11 pontos.
Sem James Rodríguez, excluído por estar fora de forma, a Colômbia venceu o Peru por 3 a 0 em casa e é a sexta, com sete pontos, fora do G4, zona que classifica diretamente para a Copa do Mundo.
Depois do intervalo de quase sete meses que a pandemia impôs à competição, a 'albiceleste' empatou em casa em 1 a 1 com o Chile na semana passada, em uma partida entediante.
Na quente Barranquilla, Messi e companhia buscarão convencer torcedores céticos sobre o valor do projeto do técnico Lionel Scaloni.
—Já faz muito tempo que não nos reuníamos, não é fácil voltar (...) Aos poucos temos que nos fortalecer novamente — disse o camisa 10 do Barcelona.
A Argentina persegue o Brasil, que lidera com uma campanha 100% (15 pontos em 5 jogos). Equador (9 pontos) e Paraguai (7) completam o grupo dos que se classificariam diretamente. O Uruguai (7) supera a Colômbia graças ao saldo de gols e ocupa a quinta colocação, o que obriga a disputar uma repescagem com uma seleção de outro continente.
Na última partida, Scaloni optou por novos nomes. Julián Álvarez (River Plate-ARG), Cristian Romero (Atalanta-ITA), Emiliano Martínez (Aston Villa-ING) e Nahuel Molina (Udinese-ITA) jogaram seus primeiros minutos com a 'albiceleste'.
Mas a renovada seleção argentina não conseguiu somar três pontos e nem animar a torcida no jogo contra o Chile, quando Messi foi o único capaz de assustar o goleiro adversário.
Em Barranquilla, onde os argentinos venceram nos dois últimos duelos, as novas caras poderão mostrar que estão no mesmo nível dos seus antecessores.
Depois de um falso positivo em um teste para covid que o impediu de jogar contra o Chile, o veterano Sergio Agüero participou dos treinos no sábado e pode ser a principal novidade da albiceleste em sua viagem à Colômbia, embora sua presença não tenha sido confirmada.
Em meio à tensão social colombiana
No primeiro jogo de seu segundo ciclo no comando da seleção colombiana, o técnico Reinaldo Rueda deixou uma boa impressão que terá que revalidar contra um adversário de escalão superior.
O colombiano assumiu o cargo em janeiro para recuperar os pontos perdidos pelo seu antecessor, o português Carlos Queiroz.
—A situação da tabela nos obriga a fazer um esforço adicional. É um grupo (...) que quer se reconciliar os torcedores, consigo próprios e com as suas famílias—disse Rueda após a vitória em Lima.
O ex-técnico da seleção do Chile mantém a mesma base que Queiroz usava, com alguns ajustes. Depois de excluir James, ele optou por jogar sem meia-atacante e deixou as tarefas ofensivas para a dupla artilheira da Atalanta, Duván Zapata e Luis Muriel.
No meio de campo retirou Wilmar Barrios (Zenit-RUS) para colocar Gustavo Cuellar (Al-Hilal-KSA), um velho conhecido da época de Flamengo.
Antes do duelo, Rueda falou sobre o "momento difícil" em seu país, onde pelo menos 61 pessoas morreram em cinco semanas de protestos ininterruptos.
—Discutimos esse aspecto para saber que tínhamos que nos entregar, fazer um esforço três vezes maior do que o normal— disse o treinador.
Prováveis escalações:
Colômbia: David Ospina- Stefan Medina, Yerry Mina, Davinson Sánchez, William Tesillo- Juan Cuadrado, Gustavo Cuellar, Mateus Uribe, Luis Díaz- Luis Muriel, Duván Zapata. Técnico: Reinaldo Rueda
Argentina: Emiliano Martínez; Gonzalo Montiel, Cristian Romero, Lucas Martínez Quarta, Nicolás Tagliafico- Rodrigo De Paul, Leandro Paredes, Marcos Acuña- Lionel Messi, Lautaro Martínez, Ángel Di María. Técnico: Lionel Scaloni
* AFP