A morte de Celestino Valenzuela deixou o jornalismo esportivo gaúcho de luto. No final da manhã sexta-feira (16), familiares, amigos e fãs começaram a prestar as últimas homenagens a um dos maiores narradores do Estado, que é velado no Crematório Metropolitano, em Porto Alegre. Entre as personalidades que compareceram para se despedir estava Maurício, ex-atacante da dupla Gre-Nal.
— Vim prestigiar um profissional deste gabarito. Para mim, ele era o Galvão Bueno do Rio Grande do Sul. Um cara que narrava os gols de uma forma exuberante e emocionava até os rivais. Então, a gente lamenta e pede que Deus conforte os corações da família — disse.
Natural do Alegrete, Valenzuela começou a carreira no rádio, em São Gabriel, chegando à Capital na década de 1950. Mas foi na televisão que eternizou seu nome ao narrar pela RBS TV os títulos nacionais do Inter na década de 1970, e os títulos da Libertadores e do Mundial de Clubes do Grêmio, em 1983. Atuou também na Rádio Gaúcha, o que originou um pedido feito por carta: nos instantes finais da cerimônia, será executada a trilha da jornada esportiva da rádio. Aposentou-se em 1989, aos 61 anos de idade.
— Eu fui o primeiro repórter de televisão esportiva no Estado, fiz final de Libertadores em Montevidéu. E tudo isso com o dedo do Celestino, porque foi ele quem me levou para a RBS TV, onde fiquei por 12 anos. Tenho grandes passagens com ele, nas brincadeiras de redação. Ele me colocou o apelido de "coreano", e tinha gente na TV que não sabia nem meu nome, graças a ele (risos). Então, ele vai deixar saudades e muita recordação boa — revela o jornalista Luís Carlos Melo, que atuou na Rádio Gaúcha e RBS TV.
Dentre todas as histórias contadas sobre o profissional, uma curiosidade: nunca foi gremista ou colorado. Nem mesmo a família sabia se existia a preferência dele por algum dos rivais da Capital.
— Ele é um dos mais ilustres do nosso glorioso Aimoré. Quando perguntado, ele respondia que o time do coração era o Aimoré. Que o Celestino descanse em paz. Foi uma voz marcante do esporte gaúcho, narrou grandes momentos da dupla Gre-Nal, mas nunca esqueceu do seu "Aimorezinho", lá de São Leopoldo — comentou Ronaldo Vieira, presidente do Aimoré, mais um dos que foram se despedir do narrador.
Celestino Valenzuela morreu na noite desta quinta-feira, aos 92 anos. Recentemente, entre junho e julho, ele esteve internado no Hospital São Francisco, da Santa Casa de Porto Alegre, em decorrência de um infarto. Ele deixa a esposa Iris, os filhos César e Valena, e os netos Marina e André.
Por conta dos cuidados sanitários relativos à pandemia de covid-19, são permitidas apenas 10 pessoas por vez na capela durante o velório. A cerimônia final, antes da cremação, está marcada para as 16h, sendo limitada apenas a familiares e amigos próximos.