Já faz um tempo que Arilson encerrou a carreira de jogador e se lançou como técnico de futebol. Depois de levar o Aimoré à primeira divisão do Gauchão e de se aventurar no Operário-MS, estava comandando o Grêmio Bagé, na Divisão de Acesso deste ano, quando a pandemia de coronavírus paralisou tudo.
— Fui muito bem recebido lá, tanto pelos torcedores do Grêmio Bagé como do Guarany. Infelizmente, em função da pandemia, fiquei pouco tempo. A competição parou na terceira rodada. Mas eu fiz um vínculo bacana, conheci pessoas maravilhosas e agora vamos ver se, na retomada, volto para lá. Acredito que no Bagé, não, porque fiz um acordo com o presidente. Deixei eles à vontade para pegar um treinador da cidade, porque o custo é menor. Eu fui com minha comissão técnica toda. Mas existe a possibilidade de voltar. A questão é só conversar — relata.
Porém, o novo projeto de Arilson está voltado para o litoral catarinense. Depois de se desligar do clube da fronteira, o ex-meia da dupla Gre-Nal voltou para a cidade de Imbituba, localizada a 90 quilômetros de Florianópolis. No mesmo lugar em que disputou sua última partida profissionalmente, em 2009, e onde fixou residência na última década, dará início a uma nova caminhada
— Não vou deixar de ser treinador, mas estou com um projeto de trabalhar como coach. Não é como uma escolinha. Na escolinha, o menino paga e vai treinar. Eu quero pegar atletas que sei que têm futuro. Vou treinar fundamentos, conversar sobre a nomenclatura do futebol, que agora é diferente, para eles chegarem ao Grêmio e Inter. Às vezes, os meninos não ficam nos clubes, não por serem maus jogadores, mas porque não entendem o que se fala. Então, meu trabalho vai ser esse. Quero aperfeiçoar eles para levá-los para aí — explica.
Experiência não falta
Em mais de 20 anos de carreira, Arilson passou por dezenas de clubes, morando em cidades e até países diferentes. Porém, para muitos ainda segue sendo lembrado apenas como ex-jogador daquele histórico Grêmio de Felipão.
— Eu comecei no Esportivo de Bento Gonçalves e todo mundo sabe que eu sou Esportivo. Quem me lançou para o futebol nacional, foi o Grêmio mesmo. Fui campeão da Libertadores, Copa do Brasil, enfim. Mas joguei no Inter também, seis meses depois de sair do Grêmio. Nós sabemos que a rivalidade é enorme, mas fui muito bem recebido pelo torcedor do Inter. Na rua, todo mundo fala que eu sou o "Arilson do Grêmio", porque fiquei muito vinculado ao clube. Mas eu tenho amigos dos dois lados e tenho um carinho enorme pelas duas equipes. Os torcedores me vêm na rua, pedem autógrafo e tiram fotos — comenta.
De todas as passagens e histórias vividas por Arilson ao longo da carreira, uma ganha destaque especial. Na foto do perfil de Whatsapp, ele ostenta a camisa da Seleção Brasileira, com a assinatura de todos os atletas que atuaram com ele no Torneio Pré-Olímpico de 1996.
— Camisa 10, né? Aquela ali é uma relíquia. Minha esposa fez um quadro e falou: "Tu pode sair de casa, mas a camisa não". Poucos usaram a camisa da Seleção, ainda mais a camisa 10 que o Pelé usou. Para mim, é uma satisfação. Apesar de eu ter ido embora, porque não quis ficar no banco (fugiu da concentração e foi cortado), para mim é uma honra ter usado essa camisa camisa 10 — brinca ele, que admite não guardar mais peças da época de jogador — Um pouco está com a minha filha, outro com meu filho ou com meus cunhados. Essa camisa está aqui porque ficou com a minha esposa. Não me apego às coisas, não. Minha história está no YouTube. Dou valor à minha história. O pessoal me conhece e sabe o que fiz pelo Grêmio, Inter, Palmeiras... Isso que é importante para mim — completa.
É com este desapego em relação ao passado que Arilson aguarda o fim do isolamento social para dar continuidade à carreira profissional. Talvez seja como treinador, ou na nova área projetada, como "coach". Sem dúvidas, será envolvido com futebol.
— Recebi algumas propostas, estou pensando e vendo como fazer. Tenho esse projeto de formar atletas e levar para o Rio Grande do Sul ou São Paulo. Se tiver uma proposta bacana, vou ver se me interesso para voltar a treinar ou não. Vou conversar ainda com algumas pessoas, para saber se vou ser treinador de novo. Porque é muito complicado. Passei a vida inteira jogando futebol, viajando, concentrando, longe de casa, e agora como treinador é a mesma coisa. Infelizmente, aconteceu essa tragédia (pandemia de coronavírus), a gente fica em casa e dá valor à família, à esposa e aos filhos — reflete ele.