Com previsão de retorno de bola rolando para 9 de maio, a Alemanha, mais uma vez, é o exemplo que o mundo do futebol busca para retomar suas atividades. O país ainda está em fase de adaptação aos treinos em conjunto, mas foi um dos primeiros a entender a importância do isolamento e de, depois, implantar um protocolo para que atletas e comissões técnicas pudessem voltar aos CTs em relativa segurança.
A maior parte dos clubes segue em treinos especiais, com grupos divididos para evitar aglomerações, submetidos a aferição de temperatura diária, evitando usar vestiários, portando máscaras em zonas comuns. Além disso, funcionários higienizam os ambientes constantemente.
Para deixar uma sensação menos pesada, os clubes têm montato tarefas mais lúdicas aos profissionais. O Bayern, por exemplo, inventou um alvo inflável e desafiou os atletas a acertar o mais próximo possível do centro, como nas provas de tiro e arco e flecha. O Dortmund criou jogos de futevôlei com regras próprias para ocorrer uma espécie de "competição". No Bayer Leverkusen, os campos das categorias de base são usados para que o máximo de atletas possam treinar ao mesmo tempo, ainda que separados.
— Treinar assim é bem melhor do que ficar em casa. Você volta a ter contato com o futebol, vê alguns colegas — declarou o lateral-esquerdo Wendell, ex-Grêmio, ao Estado de São Paulo.
O próximo passo e voltar a realizar treinos táticos e coletivos. O plano alemão é de que até o final do mês seja possível ter segurança de que contato e confronto não causem prejuízos relacionados ao coronavírus aos jogadores e suas famílias.
Se tudo ocorrer como o imaginado, os jogos recomeçarão em 9 de maio, nas primeira e segunda divisões. As categorias inferiores, base, torneios amadores e duelos internacionais são previstos para recomeçarem em setembro. As partidas exigirão o máximo de atenção dos órgãos de saúde. Haverá um cuidado especial para não ocorrer contágio. Uma das medidas confirmadas é a de que não será liberada a entrada de torcedores.
— Um sinal positivo foi enviado. Vemos isso como um avanço na confiança e estamos cientes dessa responsabilidade — afirmou Friedrich Curtius, secretário-geral da Federação Alemã.
Para o primeiro ministro da região da Bavária, onde está o Bayern, Markus Söder, a volta do futebol, mesmo que sem público, será importante para o bem estar do povo alemão. Por isso, o governo também dispensa atenção para este aspecto.
Segundo os dados da Worldometer Alemanha teve 148.206 casos positivos de covid-19. Destes, 95.200 já são considerados curados, enquanto 5.033 pessoas morreram. Os números de pacientes confirmados para a doença vêm em curva descendente há quatro dias, e os de infectados decrescem desde 10 de abril. Na comparação com países próximos, como Itália e Espanha, são números positivos: os italianos registram mais de 24 mil mortos, e os espanhóis superam os 21 mil.
Principais ligas
Nos demais países europeus, o retorno ao futebol recém engatinha. Nenhuma das principais ligas definiu uma data para retomar os jogos, mas todas deixaram claro que pretendem encerrar suas temporadas no campo.
Na Inglaterra, uma das ideias aventadas é a de serem disputadas todas as partidas restantes no menor intervalo de tempo possível, em poucas sedes, para evitar deslocamentos e acelerar o final do torneio. Na França, a especulação mais atual é a de que a bola volte a rolar entre 3 e 17 de junho. Espanha e Itália, duas das nações mais afetadas, ainda vivem quarentena severa, prevista para terminar apenas no início de maio. Os treinos, então, poderão voltar a ocorrer, mas apenas depois que os atletas forem testados. Ao jornal Gazzetta dello Sport, o atacante Lukaku afirmou que 21 de seus colegas de Inter de Milão estavam doentes em janeiro. Os 20 clubes que fazem parte da Liga de futebol exigem que haja testes em massa aos atletas e que contratos sejam estendidos automaticamente até 30 de julho, data que consideram como a última da temporada.
— Estamos no aguardo, o decreto de isolamento vai até 3 de maio, mas vamos esperar para ver se o futebol estará liberado nessa segunda fase. Esperamos que sim, mas com garantia de segurança para o retorno. A ideia inicial é de um recomeçar gradualmente — explicou o volante Lucas Leiva, ex-Grêmio, ao Esporte Interativo.