Era o verão de 1998, escaldante como todos os verões de Porto Alegre. No antigo Olímpico, a rotina do repórter setorista era de se sentar nas sociais, diante da porta do departamento de futebol e esperar a notícia. Que sempre vinha naqueles plantões. Foi em um desses que testemunhei algo que considero um dos principais momentos da minha carreira. Que vou contar a seguir.
Sebastião Lazaroni recém havia assumido o Grêmio e saía de uma das tantas reuniões quando encontrou Ronaldinho nas sociais do Olímpico. Apresentou-se para o guri e questionou-o:
— Você vai para a Copa SP, certo?
— Sim, estamos indo amanhã — respondeu o dentuço que já era tratado como joia no Grêmio.
— Na volta, você se apresenta lá em Canela para fazer a pré-temporada conosco — avisou Lazaroni.
Pronto, acontecia ali na minha frente a promoção ao profissional daquele que viria a ser duas vezes o melhor do mundo e encantaria a todos.
Nos meses seguintes, era um deleite ver se cristalizar diante dos olhos a construção de um dos melhores jogadores de todos os tempos. Ronaldinho gostava tanto de jogar bola que, ao final dos treinos, permanecia em campo aplicando dribles nos massagistas, roupeiros e seguranças. Só queria brincar com a bola. Talvez esse tenha sido o seu grande erro. Tomara que, aos 40 anos, tenha aprendido.