Sem clube desde que deixou o Palmeiras em setembro do ano passado, o técnico Luiz Felipe Scolari concedeu uma entrevista ao jornal inglês The Guardian, na qual falou sobre vários momentos da carreira. A conversa foi publicada nesta segunda-feira (30).
Comandante do grupo pentacampeão do mundo em 2002, Felipão relembrou que havia uma desconfiança em relação a participação da Seleção Brasileira na competição. Ele também destacou o trabalho realizado por todos os integrantes da comissão técnica.
— Naquela época, a Seleção não tinha um ótimo relacionamento com o povo. A desconfiança continuou. Nossos médicos foram fundamentais. Nosso sistema de logística foi extremamente bem organizado. Não devemos esquecer que Ronaldo não estava jogando na Itália. Os médicos do clube disseram que era improvável que ele jogasse. Mas nosso médico, Dr. Runco, garantiu que Ronaldo estaria pronto — contou.
O técnico comentou também a passagem conturbada pelo Chelsea, o que classificou como "uma das grandes chances perdidas na carreira". Felipão foi contratado em julho de 2008, sendo demitido em fevereiro de 2009.
— O Chelsea teve alguns problemas com lesões, alguns problemas na equipe. Eu tinha uma forma de liderança que se chocou com um ou dois jogadores (Anelka e Drogba) — afirmou.
Mesmo sendo o último treinador a ser campeão do mundo pelo Brasil, Felipão demonstra mágoa por ser lembrado, principalmente, pelo vexame na semifinal da Copa do Mundo de 2014, quando o Brasil perdeu em casa para a Alemanha, pelo placar de 7 a 1.
— Perdemos por causa de nossos erros. Eles aconteceram e foram esplendidamente bem aproveitados pela Alemanha. Não vou procurar justificativas que não sejam as normais do futebol. Foi o maior desastre que a Seleção sofreu, provavelmente. Fui eu quem assumiu a maior parte da culpa. Quando o Brasil venceu em 2002, eu não era o maior herói. Nós éramos todos heróis. (Em 2014) eu esperava que todos nós (fossemos culpados), que a imprensa reconhecesse que o Brasil perdeu. Mas não foi assim — destacou.
A publicação ainda destacou que um mês após a derrota para os alemães, Felipão já estava empregado no Grêmio, clube onde foi multicampeão na década de 1990. O técnico contou que pretendia tirar um tempo para descansar, mas foi convencido pela direção gremista, que queria uma "mão firme" para comandar o clube em meio a uma reestruturação financeira. O treinador foi demitido em maio de 2015.
Aos 71 anos, quando questionado sobre um retorno ao futebol, Felipão revela confiança.
— Voltarei melhor do que antes — concluiu.