Italo Ferreira coroou com chave de ouro um ano perfeito na elite do surfe mundial. Na noite desta quinta-feira (19), o atleta entrou um seleto grupo de surfistas brasileiros. Com a vitória sobre Gabriel Medina na final da etapa de Pipeline, no Havaí, o potiguar de 25 anos sagrou-se campeão pela primeira vez na carreira e, agora, torna-se um dos três brasileiros na história a levantar o troféu de melhor surfista do mundo.
O feito de Italo já vinha sendo desenhado pelo próprio atleta desde o início do ano. O atleta natural de Baía Formosa, no Rio Grande do Norte, foi consistente ao longo de toda a competição.
Desde abril de 2019, venceu três vezes, foi vice-campeão outras duas, além de dois quintos e um nono lugar. Regularidade que trouxe pontos importantes, o fazendo se manter entre os primeiros colocados para chegar em águas havaianas como líder da temporada.
E, em meio a tudo isso, Italo ainda foi medalhista de ouro nos Jogos Mundiais de Surfe — evento obrigatório para brigar por vaga na Olimpíada de Tóquio 2020. Lugar, que inclusive, já está garantido pelo potiguar. Como encerra o ano entre os 10 primeiros colocados do ranking mundial, o brasileiro carimbou seu passaporte para os Jogos do Japão. Medina é o dono da segunda vaga do país na competição.
— Eu não poderia imaginar. É o meu sonho, o sonho de toda a minha vida! Eu dediquei toda a minha vida para chegar neste momento. Meu tio e a minha avó morreram recentemente e eu dedico a eles. Eu não posso acreditar! — disse Ítalo, chorando muito, após deixar o mar nos braços da torcida brasileira.
Esse é o quarto título do Brasil na elite do surfe mundial. Além de Medina em 2014 e 2018, Adriano de Souza conquistou a temporada de 2015.
Maioria no Circuito
Desde 2018, os brasileiros são maioria no circuito. Em 2019, dos 34 surfistas fixos da elite, 11 eram do país. A Austrália aparecia em segundo lugar, com oito representantes. Havaí e Estados Unidos, com quatro surfistas cada um, não chegariam ao número brasileiro nem se todos competissem sob a mesma bandeira americana.
O cenário não será muito diferente em 2020. O número exato ainda não está confirmado pela WSL, mas seis permanecem na Primeira Divisão do Circuito, e outros quatro subiram via WQS, a Segunda. Ainda há a possibilidade de Adriano de Souza, o Mineirinho, voltar à elite — ele se retirou devido uma lesão grave.
A juventude dos principais brasileiros do esporte também deixa aberta a possibilidade de um sucesso duradouro. Italo e Medina, que ficaram até o fim na disputa pelo título, têm 25 anos. Filipe Toledo, que também chegou a Pipeline com chances, tem 24.
Na próxima temporada, além do quinto título mundial, o Brasil tentará estender seu domínio à Olimpíada. Os Jogos de Tóquio serão os primeiros que incluirão o surfe no programa.