Aos nove minutos do segundo tempo, Mario Balotelli, jogador do Brescia-ITA, pegou a bola, chutou para a arquibancada, e deixou o gramado da partida contra o Hellas Verona. Foi uma resposta do atacante aos cantos racistas, imitando o som de macacos, proferidos das arquibancadas em sua direção.
O jogo, disputado neste domingo (3), foi paralisado e os companheiros convenceram Balotelli a não deixar a partida. No final, ele ainda marcou um golaço, de fora da área, na derrota do seu time por 2 a 1.
Essa não foi a primeira vez que um jogo do Campeonato Italiano foi paralisado por atos racistas. O duelo entre Atalanta e Fiorentina parou após o lateral Dalbert avisar o árbitro que a torcida da casa gritava cantos racistas para ele.
Lukaku, atacante da Inter de Milão, também foi alvo de injúrias raciais na partida contra o Cagliari, antes na temporada.
Ao fim da partida deste domingo, o presidente do Verona, Maurizio Setti, disse que seus torcedores foram irônicos, não racistas.
— Os fãs de Verona são especiais e têm uma boa maneira de tirar sarro das pessoas. Mas o racismo não existe — disse.
O técnico do Verona, o croata Ivan Juric, também diminuiu o ocorrido.
— Sou croata e aqui ouvi muitos ataques ofensivos, como "cigano de merda". Porque a tendência na Itália é muito essa — declarou, dizendo que só ouviu da torcida provocações.
Em vídeos publicados na internet, no entanto, é possível ouvir torcedores fazendo barulhos de macaco nas arquibancadas. Balotelli não deu entrevista após a partida.
O atacante italiano também já foi alvo de injúrias raciais quando jogava no francês Nice, em partida contra o Bastia. "É normal que os torcedores do Bastia façam sons de macaco tipo "uh, uh" durante todos o jogo e ninguém da comissão disciplinar diga nada? Então o racismo é legal na França? Ou só em Bastia?", disse em um post no Twitter, na ocasião.
Em uma outra entrevista, esta ao programa de televisão Quelli Che Il Calcio, Balotelli analisou o seu país como o com torcedores mais racistas.
— Na Inglaterra, em nível de futebol, eu nunca vi nada assim (como atos de injúria racial). Na França, eu não vi muito, mas nada é como na Itália. Na Itália, é realmente extremo — disse.