Respeito, comprometimento e dignidade. Estes foram os princípios que a zagueira Japa citou para explicar a decisão das atletas de não abandonarem o campo no intervalo de jogo, mesmo já perdendo de 29 a 0. O Greminho FC, equipe amadora do bairro Cosmos, zona oeste do Rio de Janeiro, tem nome, cores e uniforme inspirados no Grêmio de Porto Alegre. O técnico-presidente do Greminho FC, Hamilton Silva, e a zagueira Japa concederam entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, na manhã desta segunda-feira (30).
Perguntada sobre eventuais críticas ao amplo placar construído pelo time flamenguista, a zagueira Japa saiu em defesa das adversárias.
— Nunca reclamaria disso, de pedir que as meninas tirassem o pé. Acho isso errado, é o trabalho delas — argumentou, destacando que algumas jogadoras do Flamengo recebem dinheiro para jogar. Ela também contou que em nenhum momento ela ou as companheiras de Greminho pensaram em apelar para a violência ou tentar parar a partida simulando lesões.
Hamilton Silva acumula as funções de técnico e presidente. Ele define a participação do Greminho no Campeonato Carioca como uma oportunidade para as meninas jogarem.
— A última coisa que a gente estaria preocupado seria o resultado — disse.
O treinador destacou o caráter amador da equipe, dizendo que o time foi montado "na correria", com jogadoras do bairro. Enquanto o elenco flamenguista é atual semifinalista do Brasileirão da categoria, o Greminho treina em campo de areia, em uma praça pública do Rio de Janeiro. Pelas circunstâncias, Silva reconhece o esforço e merecimento de suas jogadoras em enfrentar a derrota com dignidade:
— Elas deram o melhor delas.
O Campeonato Carioca de futebol feminino conta com 30 equipes, divididas em seis grupos com cinco times cada. Os dois primeiros colocados de cada grupo avançam. No Grupo E, Flamengo lidera com nove pontos em três rodadas e o Greminho — que só jogou duas partidas — é o último sem nenhum ponto.