SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Presente em três partidas da seleção brasileira, entre Copa América e preparação, Jair Bolsonaro interagiu com apenas um jogador: Neymar. A competição, já em sua reta final, marca um processo de aproximação que se desenrola desde fevereiro entre o presidente do Brasil e o principal jogador de futebol do país.
Ao contrário do que aconteceu em 2014, quando Neymar gravou um vídeo de apoio à candidatura de Aécio Neves (PSDB), o jogador e seu estafe não declararam voto nas eleições de 2018.
A aproximação começou com uma demonstração sutil em fevereiro deste ano: em meio à polêmica sobre orientação do Ministério da Educação para que alunos voltassem a cantar o hino nacional de forma compulsória em colégios da rede pública, Neymar da Silva Santos, pai do atacante, postou um vídeo com as crianças do Instituto Neymar, cantando o hino.
Em abril, os contatos se intensificaram. Neymar pai participou de uma reunião em Brasília diretamente com o presidente e com Paulo Guedes, ministro da Fazenda. O encontro teve como pauta a situação tributária das empresas que gerem a carreira do jogador do Paris Saint-Germain.
A partir daí, vieram diversas demonstrações mútuas de simpatia, e dois encontros pessoais entre Neymar e Bolsonaro. No dia 31 de maio, o atacante foi acusado de estupro pela modelo Najila Trindade, e recebeu apoio público do presidente.
Enquanto se defendia da acusação, Neymar foi escalado como titular da seleção no amistoso preparatório diante do Qatar, no dia 5 de junho, no Mané Garrincha, em Brasilia. Bolsonaro foi ao estádio, e viu o atacante lesionar o tornozelo e deixar o gramado com apenas 17 minutos de jogo.
Depois do confronto, a delegação do Brasil se preparou para receber o presidente no vestiário, mas a visita não aconteceu. Ao invés de visitar os 22 remanescentes, Bolsonaro optou por ir ao hospital onde Neymar fazia exames pela lesão. Ali, posou para fotos e defendeu o jogador da acusação sofrida.
O jogador do PSG passou um tempo longe do olhar público durante a fase de grupos da Copa América. No mata-mata, passou a frequentar as partidas: foi à Arena Grêmio nas quartas, diante do Paraguai, e nas semifinais, diante da Argentina.
Nesta última partida, mais uma vez se encontrou com Bolsonaro. Houve até uma previsão inicial de que os dois assistiriam ao confronto no mesmo camarote, mas Neymar acabou ficando com seus amigos e família. Ainda assim, encontrou o chefe do executivo brasileiro, com direito a fotos, vídeo e uma camisa da seleção brasileira como presente.
As agendas oficiais ainda não foram divulgadas, mas a expectativa é a de que ambos estejam presentes na final da Copa América, no Maracanã, às 17h do domingo.