Brasil e Paraguai se enfrentarão na Arena do Grêmio na noite de quinta-feira (27), pelas quartas de final da Copa América. Esta será a quarta partida entre as duas seleções em Porto Alegre. O retrospecto é amplamente favorável aos brasileiros, que venceram todos os confrontos.
A mais marcante das quatro partidas realizadas em Porto Alegre, sem dúvida, se deu na noite de 15 de agosto de 2001, no Estádio Olímpico. A partida era válida pela 14ª rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo, que seria disputada no Japão e na Coreia do Sul, em 2002. Com um começo muito ruim, com derrotas para Paraguai, Chile, Equador e Uruguai, o Brasil precisava vencer o segundo duelo com os paraguaios para se manter na briga por uma das quatro vagas.
Com uma pressão imensa, a Seleção desembarcou na capital gaúcha tendo Luiz Felipe Scolari no comando, após as saídas de Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão, demitidos após fracassos nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 e na Copa das Confederações de 2001. O próprio Felipão não teve um começo tranquilo, já que vinha de uma eliminação para Honduras, na Copa América, e de derrota para o Uruguai, em sua estreia nas Eliminatórias.
Por isso, a tática era criar um ambiente favorável à Seleção. Ídolo no Grêmio, Felipão pediu à CBF para que as últimas partidas do time em casa fossem disputadas fora do eixo Rio-São Paulo, onde o time vinha sendo vaiado. Após um período de nove dias de treinamento em Curitiba, incluindo um amistoso contra o Panamá, o grupo brasileiro chegou a Porto Alegre para a decisão.
Sabedor do comportamento do torcedor gaúcho, onde marcou época no Grêmio, Scolari ainda convocou jogadores com forte ligação com o Rio Grande do Sul: o volante Eduardo Costa, do Bordeaux, e o atacante Marcelinho Paraíba, do Hertha Berlim, recém haviam deixado a capital gaúcha após conquistarem o tetracampeonato da Copa do Brasil pelo Grêmio, treinado por Tite, e que ainda tinha Tinga, outro chamado para o confronto diante dos paraguaios. Ao lado deles, ainda havia o zagueiro Lúcio, revelado pelo Inter.
Na chegada, Luiz Felipe declarou:
— Sinto emoção em voltar ao Olímpico. Quem sabe isso seja um marco para a recuperação minha e da Seleção.
E tudo correu como esperado. O estádio do Grêmio recebeu 51 mil torcedores empolgados e em seu entorno o ambiente foi ufanista, inclusive com o conhecido tema "pra frente Brasil" sendo tocado em caixas de som.
A capa de Zero Hora, naquele 15 de agosto, tinha uma camisa da Seleção Brasileira com o mapa do Rio Grande do Sul no lugar do escudo da CBF e o título: "O coração do Brasil bate hoje em Porto Alegre". A Avenida Érico Veríssimo teve o cordão da calçada pintado de verde e amarelo em toda sua extensão até chegar ao Olímpico.
Com todo este ambiente, a Seleção Brasileira entrou em campo e não perdeu tempo para pressionar o Paraguai, que tinha em sua equipe o polêmico goleiro Chilavert, o lateral Arce (ex-Grêmio) e o volante Gavilán, que dois anos depois seria contratado pelo Inter. Logo aos cinco minutos de jogo, Marcelinho Paraíba aproveitou cruzamento de Belletti, que havia recebido passe de Edílson, e abriu o placar, gerando uma grande explosão de animação nas arquibancadas.
O Paraguai até tentou reagir, mas não teve forças para superar o time brasileiro, que definiu a vitória no segundo tempo. Aos 25 minutos, o goleiro Marcos lançou Denílson, que havia entrado no lugar de Marcelinho Paraíba. O atacante fez ótima jogada pela esquerda, driblou o marcador e cruzou para Rivaldo marcar, de cabeça, o segundo gol do Brasil.
Com a vitória, a Seleção chegou aos 24 pontos e assumiu o quarto lugar, superando o Uruguai, que perdeu na rodada para a Venezuela, por 2 a 0. Aliviado, Felipão resumiu o significado daquele partida.
— Graças a Deus, ganhamos uma sobrevida —desabafou o técnico gaúcho, após o apito final do árbitro alemão Helmut Krug.
Na sequência, o Brasil ainda perdeu para a Argentina (2 a 1) e Bolívia (3 a 1), ambos jogos disputados fora de casa, mas garantiu a suada classificação com vitórias sobre o Chile (2 a 0), em Curitiba, e Venezuela (3 a 0), em São Luís, encerrando as Eliminatórias em terceiro lugar, com os mesmos 30 pontos do Paraguai, quarto. Argentina e Equador também se classificaram para a Copa, enquanto o Uruguai ganhou o direito de disputar a repescagem contra a Austrália.
Confira a ficha técnica da partida:
BRASIL x PARAGUAI - ELIMINATÓRIAS DA COPA DE 2002
BRASIL (2)
Marcos; Roque Junior, Cris e Juan; Belletti, Tinga, Eduardo Costa, Rivaldo (Vampeta) e Roberto Carlos; Edílson e Marcelinho Paraíba (Leonardo).
Técnico: Luiz Felipe Scolari
PARAGUAI (0)
Chilavert; Arce, Pedro Sarabia, Juan Cáceres e Morel Rodríguez; Struway (Jorge Campos), Gavilán, Carlos Paredes e Roberto Acuña; Roque Santa Cruz (Virgilio Ferreira), José Cardozo. Técnico: Sergio Markarián
Gols: Marcelinho Paraíba 5 do 1º e Rivaldo 25 do 2º Cartões amarelos: Struway, Marcelinho Paraíba e Roberto Acuña
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre
Árbitro: Helmut Krug (Alemanha)
Público: 51.000