Em reportagem publicada no sábado (6), o jornal norte-americano The New York Times analisou o incêndio no Ninho do Urubu, o Centro de Treinamento do Flamengo, que provocou 10 mortes de jovens promessas do futebol no início de fevereiro.
No texto intitulado "Um incêndio mata 10 garotos no Brasil e expõe o baixo-ventre do futebol brasileiro", o NY Times destaca que, no Brasil, o futebol é visto, por jovens de comunidades carentes, como a única esperança de ascensão social. O texto analisa a cadeia de negócios que envolve garotos, suas famílias, olheiros, treinadores e grandes clubes de futebol.
"Para muitos que estão nos negócios, a indústria cresceu e saiu do controle. Transformou-se de um sistema construído para desenvolver promessas para um mercado internacional de US$ 7 bilhões, segundo a Fifa. Nesse ambiente especulativo, jovens atletas – alguns deles crianças – são comprados e vendidos como qualquer outro produto. No Brasil, os melhores são inclusive citados dessa forma: as 'joias'".
A reportagem adota tom crítico contra o Flamengo, ao afirmar que o time, por ser grande no futebol nacional, teria obtido vantagens em fiscalização. O texto cita que, em 2015, o Ministério Público do Rio de Janeiro processou o Flamengo devido às condições ruins do centro de treinamento e que o CT deveria ter sido fechado, mas que nada ocorreu.
"Essa adoração e poder (recebidos pelo Flamengo), aparentemente, podem ter permitido ao time escapar por anos de uma real censura pelo tratamento destinado a garotos sob sua responsabilidade."
O NY Times ainda destaca a história de garotos que acabaram mortos no incêndio e o esforço de famílias humildes para custear o sonho dos filhos.