Pode um time de futebol viver um conto de fadas? Claro que pode. E, no caso do Esporte Clube Avenida, esse sonho já dura dois anos.
Acesso à Série A do Gauchão em 2017, quarto colocado no Gauchão e campeão da Copa Wianey Carlet em 2018, disputa da Copa do Brasil em 2019 e tudo o que se acompanhou nos últimos dias, com conquista da vaga sobre o campeão brasileiro Guarani-SP e o susto que deu no Corinthians, em Itaquera. Os 2 a 0 com nove minutos fizeram o torcedor verdoengo sonhar. O que veio depois, com a virada do Corinthians, faz parte, afinal, a realidade do Periquito é outra.
A cidade de Santa Cruz do Sul viveu uma semana de êxtase. A quarta-feira (20), então, foi de uma mobilização jamais vista. Capaz de fazer até o torcedor do FC Santa Cruz torcer pelo opositor da cidade. Na televisão, em qualquer canal, programa esportivo, site, jornal ou rádio, lá estava o nome do Avenida.
Sim, o clube fez história. No ano em que completa o 75º aniversário, viveu 14 dias mágicos, algo que nem o falecido patrono, Nestor Kaercher, jamais imaginou: disputou a final da Recopa Gaúcha com o Grêmio; três dias depois, eliminou o Guarani na Copa do Brasil; jogou contra o São Luís pelo Gauchão; em quatro dias, encarou o Corinthians no Itaquerão; e, agora, domingo (24), pega o Internacional. Neste período, terá encarado três campeões mundiais — e de Libertadores —, e quatro brasileiros. E ainda vai pegar o Juventude, pelo Gauchão, outro campeão nacional.
Pode se afirmar que foi mal? Não, pelo contrário, fez bonito. A disparidade entre um e outro é um oceano. Em termos de estrutura, finanças, técnica, tática e, também, de tradição. A experiência do Periquito foi excelente. Ter visibilidade de marca para todo o Brasil, e transmissão para mais de 180 países é algo que não se consegue medir tão facilmente. Nem em épocas áureas do basquete na década de 90, com o Corinthians local, campeão brasileiro, a exposição do esporte santa-cruzense foi tão em evidente. Eram outros tempos, outro esporte.
O conto de fadas do Avenida segue. Agora, a luta é para manter a sua vaga na elite do Gauchão. Precisa encara o Inter com a mesma gana e, quem sabe, se distanciar da zona de rebaixamento. E o grupo de jogadores, comissão técnica, direção e, especialmente, a torcida, precisam desligar-se de uma tomada e ligar em outra. O ano não terminou, está apenas começando. Ainda temos a Série D no segundo semestre. Sonhe alto, Avenida!