Os menos informados podem pensar que ter levado seis gols do Grêmio, ter perdido para o São Luiz e estar mais perto da zona de rebaixamento do que da de classificação tenha colocado o Avenida em crise. Esses mesmos desavisados estranhariam, ao conversar com um torcedor do Periquito, o sorriso de orelha a orelha. Isso nada tem a ver com a campanha mediana no Gauchão. O orgulho do torcedor avenidense é pela classificação para a segunda fase de um campeonato nacional, a Copa do Brasil.
Feito histórico, diga-se de passagem. Eliminou, com gol nos acréscimos, o Guarani de Campinas — time que já foi campeão brasileiro. O avenidense até perdoa a derrota no fim de semana e a goleada sofrida perante o Grêmio. O foco agora é a Copa do Brasil e o próximo adversário da temporada: nada mais e nada menos que o multicampeão Corinthians. É uma questão de escolha. E, aliás, quantas vezes os times da Capital priorizam um campeonato a outro? Faz parte do futebol. Às vezes, o torcedor até reclama, mas depois entende e apoia.
Esse jogo do Avenida contra o Corinthians é a Copa do Mundo particular do santa-cruzense. Até torcedor do rival, o Santa Cruz, vai parar para assistir. Afinal, não é todo dia que um time do Interior, que tem na prateleira não mais que alguns títulos da Divisão de Acesso, enfrenta um gigante, que acumula conquistas. É uma batalha dura e, sejamos sinceros, é bem improvável que o Periquito vença. Mas o torcedor não perde a esperança. Afinal, futebol também é feito de zebras.
Independentemente do resultado, o Avenida já fez muito. E deu alegrias ao seu torcedor. Há tempos não se via tamanha mobilização na cidade por conta de um clube. Desde o ano passado, quando conquistou a vaga na semifinal do Gauchão, com gol (de novo) nos acréscimos, eliminando o Caxias, o time tem ganhado os holofotes. Naquela ocasião, encheu o estádio dos Eucaliptos na semifinal, mas foi derrotado pelo Grêmio _ time com mais nome e muito mais grana. Porque futebol também é dinheiro.
Quem conhece e acompanha os times do Interior sabe das dificuldades que enfrentam. O valor ganho pelo Periquito, apenas por participar da Copa do Brasil e eliminar o Guarani, pouco mais de R$ 1 milhão, já paga a folha do ano do elenco. E tem jogador considerado de elite que ganha, sozinho, esse valor em um mês.
Por isso, não estranhe nossa alegria. Não é apenas porque nascemos na terra da Oktoberfest. Também não é só pelo futebol. É pela mobilização. É pelo esporte do Interior. É por ter o orgulho reacendido.
