Com uma pequena exceção, no período da Copa do Mundo em 2014, os estádios de futebol gaúchos estiveram proibidos de vender bebidas alcoólicas nos últimos dez anos. Além disso, conforme o Estatuto do Torcedor, criado em 2003, não é permitido "portar objetos, bebidas ou substâncias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência". Mas, com a aprovação de um projeto de lei na Assembleia Legislativa na noite desta terça-feira (18), o debate foi reaceso. A matéria ainda depende do governador para ser sancionada, porém, já é possível ver diferentes posicionamentos.
Ao todo, dos 10 Estados que possuem clubes na Série A do Brasileirão, seis proíbem a venda atualmente. Mas, assim como o Rio Grande do Sul, outros dois governos tentam derrubar o veto. No Ceará, por exemplo, a situação é exatamente igual: deputados aprovaram e resta agora a decisão do Executivo. São Paulo vive dilema parecido, mas o projeto ainda está em trâmite na Câmara.
No Paraná, depois da liberação em 2017, o Tribunal de Justiça impediu mais uma vez, em março deste ano. Alagoas e Goiás também vetaram. O principal argumento apresentado é o de que, alcoolizados, os torcedores estão mais propensos a brigas. Caminho inverso fizeram os mineiros, que tentaram vetar. Porém, o projeto não foi aprovado e a venda segue permitida nos mesmos moldes - até o intervalo da partida. No Rio de Janeiro, desde 2015, podem ser bebidas desde que em copos de plástico ou papel, e com a veiculação de mensagens educativas nos telões dos estádios, como "se beber, não dirija". Em Santa Catarina, a decisão favorável veio no início de 2018. Bahia e Pernambuco (que não terá mais representante em 2019) também retomaram a venda dentro de estádios. Enfim, o tema é polêmico.
Em maio deste ano, inclusive, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) publicou um estudo que apresenta a tese de que, no período em que o álcool estava proibido nos estádios de Recife, as ocorrências policiais não diminuíram. Pior ainda: aumentaram. De 2005 a 2009, foram registrados 619 casos de violência (média de 2,99 casos por jogo). De 2009 a 2015, quando a bebida foi proibida, as incidências subiram para 744 (média de 4,42).
A violência, contudo, motivou o governo francês a impedir de imediato a comercialização de bebidas alcoólicas a partir de confusões enquanto o país sediava a Eurocopa em 2016. A nível continental, a Uefa aboliu a proibição que já durava uma década e, neste ano, a cerveja voltou a ser vendida em competições como a Liga dos Campeões.
De todos os países, os mais liberais são Estados Unidos e Alemanha que, além de permitirem a venda, veem seus clubes fecharem contratos milionários com marcas de cerveja. Na Inglaterra, a comercialização é permitida até o intervalo dos jogos. Na Itália, pode se consumir desde que a bebida tenha menos de 5% de teor alcoólico. Na Espanha, embora seja vetado, alguns estádios comercializam bebidas em camarotes e áreas VIPs.
- Confira o posicionamento dos Estados que têm clubes na Série A do Brasileirão:
Permitem a venda (4): Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina
Proíbem a venda (6): Alagoas, Ceará, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo