Estava no reino dele, vendo como tudo começou. Aproximei-me da origem, da essência, mas faltava a presença divina. Eram várias Mônicas, Cebolinhas, Magalis e Cascões desenhados no papel, animados no computador, pendurados no teto e colocados no chão.
Tudo aquilo era incrível, preenchia a curiosidade de como e onde são criados os personagens da Turma da Mônica. No fundo do estúdio, um boneco de cera, em tamanho real, do criador. Mas um boneco, por mais mágico que seja esse lugar, é só uma representação. Quando vi a imagem do Mauricio de Sousa, fiquei um pouco frustrado de não vê-lo, em carne e osso, no seu próprio mundo. O assessor de imprensa me confortou, dizendo que é muito difícil ver o autor ali.
Foi então que surge um senhor discreto, mas apressado. O movimento chamou atenção. Era ele, o criador. Fez um milagre em si mesmo, para estar cedo por ali. Prefere trabalhar em casa, aparecer tarde no estúdio, mas desta vez foi diferente. Na hora, invoquei um intercessor, que podemos chamar de assessor. Pedi a chance de entrevistá-lo. Ouvi "quem sabe uma pergunta". Melhor do que nada.
Deu certo. Ele veio, estendeu a mão e esperou uma única pergunta. O tema era sobre jogadores e histórias em quadrinhos. Ele gostou, falou por uns três minutos (três minutos na TV é muito tempo). Quando acabou, não aguentei. "Posso tirar uma foto com senhor?". Ele disse: "Claro".
Uma funcionária se ofereceu para registrar o momento. Disse que não precisava, que eu ia fazer uma selfie. Ela insistiu. Recusei a oferta e "clic". Garanti a foto ao lado do homem que criou os personagens que fizeram e fazem parte da infância de milhões de crianças, incluindo a minha.
A pergunta foi feita, a foto foi tirada, o que faz a lenda dos gibis ainda ao meu lado? A funcionária então revela: "O Mauricio não gosta de fotos de cima para baixo", que foi exatamente o que fiz. Lá foi a funcionária tirar a foto como ele gosta. Clic.
Se ele é baixo ou alto, gordo ou magro, tanto faz. Essa preocupação só mostra o quanto ele é dedicado no que faz. Não importa para quem e nem quando. Ao mesmo tempo, o criador mostrou que é humano, como todos nós, e por isso encanta os leitores.