Ouvindo algumas manifestações de colegas da imprensa gaúcha após alguns jogos do Grêmio e do Inter neste ano, lembrei de comentários de vários jogadores que por aqui passaram e jogaram em outros importantes centros, sobre a forte cobrança dos jornalistas daqui. Em geral, uma imprensa fiscalizadora, rigorosa e atuante traz bons frutos para a sociedade. Porém, em alguns casos, como no futebol, é preciso saber a hora de "esticar a corda" ou de "afrouxar a corda".
Após o empate do Inter contra o Ceará, o Guerrinha, na Rádio Gaúcha, foi chamado a comentar o fato de que o Colorado havia "deixado escapar a vitória". Rapidamente, ele lembrou que, antes da partida, todos falavam das dificuldades que o Inter teria, que o Ceará vinha em recuperação. E o Guerrinha disse, ainda, que o resultado somou mais um ponto em uma baita campanha do Inter, no que ele está coberto de razão.
Voltando umas linhas, queria questionar a frase que diz que "o Inter deixou escapar a vitória". Aí, entra a minha crítica à imprensa, na qual me incluo, pois, mesmo sem ter tanto conhecimento esportivo como inúmeros colegas, escrevi algumas vezes sobre vários jogos do Grêmio em GaúchaZH. Ao mesmo tempo que o Inter deixou escapar alguns pontos contra times mais fracos, ele ganhou vários jogos contra times mais fortes com dificuldade, sem jogar bem, surpreendendo a todos, do mesmo jeito que "surpreendeu" ao empatar com o Ceará.
Ainda pós-jogo, ouvi que, se o Inter tivesse ganho do Vasco, Ceará, Corinthians e sei lá mais quem, estaria na frente do Palmeiras. Lógico que estaria.
Com o Grêmio, o fenômeno se repete. Quando Arthur foi vendido para o Barcelona, escrevi que perdíamos um dos maiores fenômenos surgidos no futebol gaúcho nos últimos anos, de dificílima reposição. Alguns torcedores me chamaram de "viúva do Arthur", que o Renato acharia uma solução, como num passe de mágica. Na Libertadores, depois de uma boa primeira fase, o Grêmio quase fez um fiasco no jogo de volta contra o Estudiantes, quando achou um gol no fim do jogo. Na semifinal, contra um time superior, sem Arthur e Barrios, e com Cícero e Jael, deu no que deu.
Ah, tem aquela choradeira dos minutos de "apagão", do VAR, do Bressan? Tem, claro. Mas o Grêmio era inferior, é preciso admitir.
Significa um ano de fracasso? Pelo contrário. O Inter fez uma baita campanha, volta ao seu lugar de merecimento, que é a Libertadores, enquanto o Grêmio termina o ano com dois títulos e ainda tem boas perspectivas de vaga para a competição continental do ano que vem. Mas sempre é bom pensar nestes argumentos na hora de esticar a corda. Ou de afrouxar.