O Changchun Yatai, da China, já fez pelo menos quatro tentativas de contratar Dudu. Na última delas, ofereceu 13 milhões de euros (quase R$ 51 milhões), bem mais do que os 6 milhões de euros que o Palmeiras pagou ao Dinamo de Kiev para ter 100% dos direitos econômicos do atacante. Se fosse outro jogador, provavelmente já teria saído. Mas trata-se de um atleta que "não tem preço" para o clube.
O Palmeiras não tem a menor pressa para vendê-lo. Para que isso aconteça, duas coisas são necessárias: uma oferta bem superior aos 13 milhões de euros (o clube não estipula um valor) e o desejo do jogador. Por enquanto, ele não deu mostras de que deseja sair. Com contrato até dezembro de 2020 - ganhou aumento em fevereiro do ano passado -, diz que ainda quer permanecer por muitos anos.
Essa postura irredutível do Palmeiras só é possível graças à estabilidade financeira do clube. Uma venda deste porte, obviamente, daria fôlego extra ao caixa e ajudaria o presidente Maurício Galiotte a cumprir a promessa de zerar as dívidas, mas a diretoria não está desesperada para ganhar dinheiro.
A negociação de Yerry Mina com o Barcelona foi uma prova disso: se os catalães não aceitassem todas as condições impostas pelo Verdão, o zagueiro colombiano não seria liberado em janeiro.
A questão técnica também tem peso importante. Dudu é titular absoluto do Palmeiras e o elenco não tem outro atleta com suas características. Em três anos de clube, o camisa 7 disputou 162 jogos, marcou 41 gols e deu 36 assistências. Além de construtor de jogadas, ele também se tornou um bom definidor.
Dudu chegou ao Palmeiras com fama de marcar poucos gols, mas hoje é o maior goleador do Allianz Parque (22 gols), o maior goleador do Palmeiras no Brasileirão por pontos corridos (25 gols) e o maior goleador do atual elenco em clássicos (7 gols).
Por fim, o fator extracampo. Apesar das pomposas ofertas salariais que Dudu recebe de outros clubes (o Changchun Yatai, por exemplo, acenou com 4 milhões de euros por ano), diretoria e comissão técnica avaliam que ele não perde o foco. Não à toa, é capitão do time desde 2016.
Usar a braçadeira, aliás, era algo inimaginável para o atacante em seus primeiros meses de Palmeiras. Quem convive com ele na Academia se espanta com a mudança de sua personalidade de 2015 para cá: o Dudu tímido, que andava com a cabeça baixa e falava pouco, deu lugar a um Dudu mais maduro, que reconhece sua importância, sabe a hora de aparecer para dar entrevistas e exerce cada vez mais um papel de liderança.
Talvez nem Alexandre Mattos imaginasse, quando atravessou Corinthians e São Paulo para contratá-lo, que Dudu se tornaria referência tão grande para a torcida do clube. O mesmo se aplica aos jovens jogadores. Artur, nesta semana, não fez questão de esconder que o enxerga como um ídolo.
Clubes turcos, como Besiktas e Fenerbahce, também já fizeram ofertas pelo camisa 7 ao longo dos últimos anos.