O americano Justin Gatlin, atual campeão mundial dos 100m rasos, afirmou nesta terça-feira (19) que demitiu seu ex-treinador Dennis Mitchell após uma denúncia de que o profissional teria oferecido substâncias proibidas a repórteres do jornal The Daily Telegraph, que se passaram por atletas.
O técnico, que tem histórico de doping, teria cobrado US$ 250 mil (cerca de R$ 822 mil). Segundo a publicação, ele e um agente, Robert Wagner, foram gravados secretamente afirmando que o uso de doping no atletismo continua sem controle. Em um dos encontros, Wagner teria até admitido que Gatlin usa substâncias ilegais.
— Eu não estou usando e não usei PED ("Performance Enhancing Drugs" ou, em português, "drogas que melhoram a performance"). Fiquei chocado e surpreso de saber que meu treinador (Dennis Mitchell) tenha algo a ver sequer com a aparição dessas acusações. Eu o demiti assim que soube disso. Todas as opções legais estão na mesa, já que não vou deixar que outros mintam sobre mim dessa forma. Não tenho outros comentários agora que é um assunto jurídico. Eles vão ouvir do meu advogado no futuro. Obrigado a todos meus apoiadores e os que me querem bem — disse o velocista na postagem.
Apesar dos grandes feitos nas pistas, Gatlin tem uma carreira manchada por casos de doping. Ele testou positivo pela primeira vez aos 20 anos e alegou que as anfetaminas apontadas estavam presentes em um remédio que usava desde a infância. Na ocasião, recebeu apenas advertência.
O astro foi campeão olímpico em 2004 e mundial em 2005, até que, no ano seguinte, foi flagrado em novo exame. Desta vez, por ser reincidente, acabou afastado do esporte por oito anos. Por colaborar com as investigações, teve a pena reduzida para quatro anos e voltou a competir em 2011.
A Unidade de Integridade do Atletismo disse que investigará a denúncia. O Comitê Olímpico Internacional (COI) afirmou que a Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) deve cuidar do assunto. O presidente da IAAF, Sebastian Coe, disse que as alegações são "extremamente sérias".