A maior estrela da natação paraolímpica mundial está de volta às piscinas. Daniel Dias, que nos Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro de 2016 conquistou nove medalhas individuais, marca que o transformou no maior atleta da história da natação paraolímpica com 24 medalhas, lidera a delegação brasileira que inicia neste sábado, na cidade do México, a disputa do Mundial Paraolímpico de Natação – campeonato que segue até o dia 7 e terá transmissão dos canais SporTV. Em conversa com GaúchaZH, o paulista de 29 anos falou da expectativa para o quinto Mundial da carreira e projetou as chances da seleção brasileira, que leva 17 paratletas à capital mexicana.
Qual tua expectativa para esse Mundial?
A expectativa é das melhores. Espero que a delegação consiga nadar bem, representar bem o país. A gente vem em uma crescente desde os Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro, onde fizemos bons resultados. Não tenho dúvida de que nesse Mundial não vai ser diferente.
Como foi tua rotina de preparação?
Estamos no início de um novo ciclo Paraolímpico. Após os jogos do Rio de Janeiro, sentei com a minha equipe para analisarmos o ciclo anterior – o que podia ser melhorado, o que dava para manter. Tenho uma rotina bastante intensa. Faço de cinco a oito treinos semanais, preparação física fora da água – faço pilates e treinamento funcional. Para o Mundial decidimos que eu nadaria quatro provas individuais (50, 100 e 200m nado livre e 50m nado costas) e três revezamentos (4/100m nado livre, 4/100m nado medley e 4/100 misto). São treinos muito intensos. Fizemos uma mudança esse ano na nossa maneira de treinar com o objetivo de melhorar minhas marcas.
Com a tua experiência, quais destaques tu apontarias na delegação brasileira?
São 17 atletas muito qualificados. Eu destacaria o Talisson Glock no masculino e a Cecília Araújo no feminino. São dois atletas que estão despontando muito bem e tenho certeza que podem conseguir bons resultados na competição.
Em relação a países, quais seriam nossos principais adversários?
Temos a Ucrânia que é muito forte na natação paraolímpica. EUA e Austrália também são países que têm um alto grau de investimento. E a China que também é bastante tradicional. Temos grandes desafios pela frente, mas espero que a gente consiga superar os resultados do último mundial – e até mesmo dos Jogos do Rio de Janeiro – para levar a natação paraolímpica brasileira cada vez mais longe.
Individualmente, quem é o teu principal adversário a ser batido nesse Mundial?
Tenho um grande adversário que é o espanhol Sebastián Rodríguez. Já faz algum tempo que competimos. É muito experiente. Um excelente atleta. Tem também o Andrew Mullen, da Grã-Bretanha, que é jovem e vem evoluindo bastante a cada competição. Não tenho dúvida de que ele vai me dar muito trabalho nesse Mundial.
Estamos vivendo o início de um novo ciclo paraolímpico. Apesar de faltar três anos para os Jogos de Tóquio, em que nível a natação paraolímpica brasileira se encontra?
A gente sempre busca uma renovação. E o que está me chamando atenção nesse Mundial é que estão indo mais atletas jovens do que veteranos. Isso para mim é um ponto positivo. Mostra que estamos no caminho certo de investimento na base, nos jovens. A intenção é chegarmos forte não só em Tóquio, em 2020, como também em 2024 com uma seleção jovem e madura.
Como um paratleta multimedalhista, que bate recordes atrás de recordes, o que ainda te motiva dentro do esporte?
O que me motiva é o desafio diário de ser um atleta melhor. Sou movido a desafios. Acho que sair da nossa zona de conforto é essencial. Quero ser o melhor a cada dia de treinos, a cada competição. Busco sempre melhorar minhas marcas. E as medalhas acabam vindo como consequência.
O apelido Michael Phelps da natação paraolímpica te incomoda?
Pelo contrário. Fico extremamente feliz por ser comparado a um grande atleta como ele, que marcou a história não só da natação, mas do esporte mundial. Então, claro que fico honrado. Mas sou o Daniel. Quero continuar buscando minhas conquistas e ajudar o esporte paraolímpico a ser reconhecido.
SERVIÇO
As primeiras provas começam às 13h (de Brasília) em transmissão na página do CPB no Facebook. O sportv.com e o aplicativo SporTV Play exibirão as sessões da noite (no Brasil) da natação, a partir das 21h30 (de Brasília). As provas serão reprisadas às 8h da manhã de domingo no SporTV3.