Na década de 1950, a comunidade da pequena cidade de Frederico Westphalen, no norte gaúcho, resolveu construir uma igreja. Liderados pelo pároco, o povo arregaçou as mangas e começou erguer o majestoso templo. Com parcos recursos, a construção demorou 10 longos anos. A esse templo deu-se o nome de catedral. A Catedral de Frederico Westphalen é, hoje, uma das maiores do Brasil.
A cidade cresceu e ganhou ares de polo regional. Vieram as universidades, a indústria e o comércio se fortaleceram, mas o esporte também quis o seu espaço. De início com times de várzea, depois com equipes amadoras, até surgir em 2010 o União Frederiquense de Futebol. Nos primeiros anos, jogando em campo alugado, disputou a Divisão de Acesso e até subiu para a Primeira Divisão, a elite do futebol gaúcho.
Mas o clube sentiu que precisava ter o seu próprio estádio. Precisava construir a sua “catedral”, o templo sagrado do esporte. Foi assim que uma diretoria composta por um punhado de jovens “loucos e sonhadores” planejou a construção sem nenhum dinheiro em caixa. Adquiriu uma área de terras e loteou parte dela. Com os recursos da venda dos terrenos, começou a tão sonhada obra. Promoveu campanha do cimento, venda de títulos patrimoniais remidos, aumento do quadro social e outras campanhas para complementar os fundos necessários à execução do projeto. Sem nenhum dinheiro público, o estádio ganha forma e, mesmo incompleto, já poderá sediar os jogos de futebol em 2018.
O estádio, ou Arena do União, como está sendo chamado, terá capacidade para 10 mil torcedores. O projeto prevê a construção de um complexo esportivo, com alojamento, estacionamento para 700 carros, lojas, restaurantes e palco de shows para incrementar a renda ao longo da temporada e consolidar uma espécie de polo do futebol na região.
Ests povo pujante que construiu uma catedral para orações no século passado constrói agora outra “catedral”, essa para praticar o entretenimento esportivo. Esse povo precisa de um estádio grandioso para uma equipe forte. Esse povo precisa ter um motivo forte para unir a comunidade, às vezes, dividida por paixões políticas e clubistas de qualquer espécie.
O União Frederiquense está de parabéns e serve de exemplo a ser seguido por outros clubes do interior do Estado.