Em nova reunião para deliberar sobre a participação dos atletas, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) aprovou nesta quarta-feira (6), por unanimidade, a alteração em seu estatuto que garante 12 votos de esportistas na Assembleia Geral, o que inclui a eleição presidencial.
A mudança, já em vigor, era esperada após a pressão sofrida por um grupo de dirigentes que optou por restringir o número a apenas cinco, em novembro.
– Na primeira Assembleia, eu disse que seria importante que eles (dirigentes) mostrassem uma abertura da representação. Não fui ouvido. Fui criticado, como se estivesse cobrando. Depois de tudo aquilo, passou por unanimidade. Isso poderia ter sido evitado, poderia ter sido feito antes. Foi desgastante – disse o judoca Tiago Camilo, presidente da Comissão de Atletas, que terá nas Assembleias a companhia dos 11 mais votados abaixo dele, em abril deste ano.
Os demais nomes com poder de voz, alguns já aposentados do esporte, são: Yane Marques (pentatlo moderno), Duda Amorim (handebol), Beatriz Futuro (rúgbi), Emanuel (vôlei de praia), Fabiana Murer (atletismo), Poliana Okimoto (maratona aquática), Arthur Zanetti (ginástica), Thiago Pereira (natação), Fabiano Peçanha (atletismo), Emerson Duarte (tiro esportivo) e Bruno Mendonça (hóquei sobre a grama).
No novo encontro, estiveram presentes 22 presidentes de confederações, cinco representantes de cartolas ausentes, Tiago Camilo e o ex-jogador de vôlei Bernard Rajzman, que vota por ser membro do COI.
A Confederação Brasileira de Tênis (CBT) não compareceu. Os representantes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno (CBPM), Leonardo Ferraz e Helio Meirelles Cardoso, chegaram atrasados e não puderam votar.
Diante do consenso, o presidente da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE), Durval Balen, pediu para que o recurso da Confederação Brasileira de Rúgbi (CBRu), que teve seu voto impugnado na votação anterior, não fosse apreciado. A solicitação foi aceita por Sami Arap Sobrinho, presidente do Conselho Consultivo da CBRu.
_ Passou-se o tempo, amadureceu-se e mudou-se de opinião. Não tem nada demais. Houve um entendimento por parte deles. Houve um consenso. Esta é a imagem que fica gravada _ disse Paulo Wanderley, responsável pela convocação da nova Assembleia, mas sem poder de voto.
A votação do mês passado sobre o tema deveria ter ficado empatada em 15 a 15. Assim, caberia ao presidente do COB, Paulo Wanderley, dar a palavra final. Mas o voto de Eduardo Mufarej, presidente CBRu, foi impugnado. Ele saiu mais cedo da Assembleia devido a um compromisso pessoal. Antes, declarou aos presentes sua posição favorável ao número de 12.
Por sugestão do presidente da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), Alaor Azevedo, acatada pela maioria, a posição de Mufarej havia sido invalidada. A proposta de limitar a cinco nomes partiu de Durval Balen.
No mesmo dia, entidades como a Atletas pelo Brasil e a Sou do Esporte, e a própria Comissão de Atletas do COB iniciaram protestos na redes sociais. O Ministério do Esporte também cobrou a entidade a rever o seu regulamento. O órgão do governo federal ameaçou cortar o repasse de verbas públicas.
Este foi o único ponto de discussão no novo estatuto na nova Assembleia. O restante do texto, que impõe, por exemplo, menos restrições para quem quiser ser presidente do COB, já havia passado sem desentendimentos.