Dinho, o "Cangaceiro", virou um gaudério. O dia ao lado da mulher, Luciana Weber, começa com a chaleira no fogão para o preparo do mate. No guarda-roupa, o volante que acumulou títulos com o Grêmio tem bombachas e lenço. Para completar, garante que sabe a letra do hino do Estado e do Canto Alegretense.
– Estou há 22 anos no Rio Grande do Sul. Às vezes, chego ao Sergipe e não me sinto em casa como aqui. Sei todas as tradições, os costumes. Vou lagartear no sol na Praça da Encol, pego a freeway para ir à praia. Incorporei hábitos, faço churrasco, só não preparo chimarrão porque não precisa, pois em todo o lugar que eu vou tem um pronto me esperando – comenta o ex-jogador.
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A ligação com o Estado começou em 1995, quando foi contratado pelo Grêmio. Rapidamente, ambientou-se a Porto Alegre e ao estilo de jogo da equipe. Em seguida, divorciou-se e começou relacionamento com uma gaúcha. Mais tarde, separou-se de novo e casou com "uma alemoa de Três de Maio", como define Dinho, com quem está junto há 14 anos. Os dois filhos gêmeos do primeiro casamento também moram na Capital.
– O que mais me cativou foi o respeito que o torcedor me trata na rua. E vejo muitas semelhanças com o nordestino, essa coisa do macho, de não levar desaforo para casa. Me adaptei muito bem a isso. Não esqueço minhas origens, mas hoje em dia me considero gaúcho.
Atualmente, a vida do ex-jogador de 50 anos divide-se entre Atlântida e Porto Alegre. De sexta a segunda-feira, ele fica no litoral, onde tem uma casa confortável. Na rotina, pedaladas de bicicleta e jantares com amigos, além do futevôlei na praia. O esporte, por sinal, é uma das novas paixões. É ele a principal motivação para Dinho pegar a estrada e rumar para a Capital, em direção a sua casa num condomínio do bairro Sarandi. Nas tardes de terça-feira, integra uma confraria com outros ex-jogadores, como Fábio Rochemback e Vinícius, ex-Inter. Durante quatro horas, jogam partidas acirradas e se divertem em uma quadra no bairro Navegantes. Um churrasquinho fecha a confraternização:
– O futebol, eu jogo pouco por causa dos joelhos. O futevôlei é o meu refúgio. tira o estresse.
Jogos beneficentes e eventos de consulados do Grêmio também fazem parte da agenda de compromissos. Nos planos para o futuro, está o de voltar a ser treinador, função que exerceu no Luverdense-MT, em 2006. Pretende fazer cursos e ingressar de vez na carreira em que estão alguns de seus amigos, como Roger Machado, Vagner Mancini e Rogério Ceni. A disputa por cargos públicos já não atrai tanto, pelo menos por enquanto – Dinho foi vereador em Porto Alegre por dois anos.
– Na política, pessoas sérias, geralmente, não têm espaço. Fiquei muito decepcionado com algumas coisas que aconteceram – comenta.
Seja qual for o destino, uma coisa é certa: dificilmente o Rio Grande do Sul deixará de ser seu lar. Ao lado do cachorro Lampião e da mulher Luciana, ele pretende seguir tomando chimarrão pela manhã e fazendo churrasco nos finais de semana.
– Meus amigos do Nordeste perguntam o que quero nesse frio, mas aqui tenho as quatro estações. Gosto do frio, de me vestir e tomar um chocolate quente em Gramado. Lá (no Nordeste), é verão, verão, verão e verão. Será difícil sair daqui, adotei o Rio Grande como minha querência.
*ZHESPORTES