O teto salarial é um termo comum (também em sua versão em inglês, salary cap) para torcedores que acompanham esportes americanos. NFL e NHL têm tetos rígidos, ou seja, os times são obrigados a limitar seus gastos aos valores estipulados para bancar os salários dos jogadores. Na MLB, não há teto salarial – apenas a chamada luxury tax, uma espécie de multa para os times que ultrapassam uma barreira. A NBA, contudo, fica no meio do caminho. Há um salary cap, mas ele é cheio de exceções que permitem aos times ultrapassarem a marca. Por isso, é chamado de teto salarial flexível.
O salary cap foi criado de forma definitiva na NBA na temporada 1984/1985. Desde então, serve como uma base para a quantia de dinheiro que vai dos donos das franquias para os jogadores. Nas últimas negociações de acordos coletivos de trabalho, definiu-se que cerca de 50% do lucro total da liga vai para os atletas.
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Desta forma, o salary cap é definido anualmente com um cálculo em cima do lucro. Na temporada 2017/2018, o teto salarial será de US$ 99 milhões. Os times são obrigados a gastar pelo menos 90% deste valor – o chamado salary floor (piso salarial), que fica em US$ 89,1 milhões.
O valor de US$ 99 milhões, portanto, é o máximo que os times podem gastar em salários de jogadores antes de começarem a usar as exceções liberadas pela NBA. Há também a luxury tax, paga quando os times excedem de forma significativa o teto salarial – na próxima temporada, as multas começam a ser cobradas de quem gastar pelo menos US$ 119 milhões, ou seja, US$ 20 milhões a mais que o teto salarial.
Conheça as exceções que permitem o estouro do teto salarial:
Mid-level exception
A exceção de nível médio serve para que os times possam contratar anualmente jogadores com contratos medianos, mesmo que estejam acima do teto salarial. A exceção, este ano, permite que os times acima do teto salarial, mas abaixo do chamado "tax apron", valor acima da luxury tax, consigam assinar contratos de até US$ 5,2 milhões – pode ser apenas um ou mais jogadores em contratos que somem este valor. O Golden State Warriors usou esta alternativa para assinar com Nick Young. Times dentro do teto salarial ou acima do "tax apron" também podem usar a exceção, mas com valores significativamente menores.
Bi-annual exception
Esta exceção permite aos times assinarem com jogadores contratos de até dois anos, com um primeiro ano relativamente baixo – menos de US$ 2 milhões – e acréscimo de no máximo 8% para o segundo ano. Desde 2011, esta exceção não é liberada para times que pagam luxury tax.
Rookie exception
A exceção de novatos permite que os times assinem com as suas escolhas de primeira rodada pelos valores tabelados, mesmo que para isso seja necessário ultrapassar o limite do teto salarial.
Larry Bird exception
A exceção tem este nome porque ela foi aplicada pela primeira vez durante uma renovação de Larry Bird com o Boston Celtics. Com ela, os times podem estourar o teto salarial para renovar com jogadores que estão no time há pelo menos três anos – o jogador também mantém os seus "Bird rights" se for trocado ou se tiver o contrato puxado dos waivers assim que for cortado. Jogadores que têm os "Bird rights" ainda podem assinar contratos de cinco anos, enquanto outros jogadores não podem assinar vínculos maiores do que quatro temporadas.
Early Bird exception
A Early Bird tem a mesma lógica da exceção anterior, mas serve para jogadores que estão no mesmo time há dois anos. Devem assinar contratos entre dois e quatro anos, com um valor máximo de 175% do salário anterior ou a média do salário da liga – o que for maior.
Non-Bird exception
A Non-Bird também segue a mesma lógica, mas para jogadores que estão no mesmo time há um ano. São contratos de até quatro anos, com um valor máximo de 120% do salário anterior ou 120% a mais que o piso salarial da NBA – o que for maior.
Minimum Salary exception
A exceção de piso salarial permite que os times da NBA contratem jogadores pelo "salário mínimo" da liga. Não há limite no número de jogadores contratados sob esta exceção – para a temporada 2017/2018, o salário é de US$ 2,3 milhões.
Sem espaço para manobras
Um jogador que é agente livre conta no teto salarial do time mesmo que esteja sem contrato – pelo menos até assinar com outro time. Isso impede que uma equipe assine com agentes livres de outros times e depois assine com os seus próprios utilizando as exceções para estourar o teto salarial.
Trade exception
Há ainda uma exceção aberta quando há uma troca de jogadores com contratos discrepantes ou de jogadores por escolhas de draft. O time que troca o jogador de salário maior ganha uma exceção de troca. No prazo de até um ano, o time poderá fazer uma outra troca em que receba um jogador com o salário maior.
Valor das multas
O time que chega ao nível de luxury tax começa a pagar multas – e as punições são mais pesadas para times reincidentes. Veja a tabela:
Tamanho do estouro – Multa por dólar excedente – Multa por dólar excedente em caso de reincidência:
Menos de US$ 5 milhões – US$ 1,50 – US$ 2,50
De US$ 5 milhões a menos de US$ 10 milhões – US$ 1,75 – US$ 2,75
De US$ 10 milhões a menos de US$ 15 milhões – US$ 2,50 – US$ 3,50
De US$ 15 milhões a menos de US$ 20 milhões – US$ 3,25 – US$ 4,25
US$ 20 milhões ou mais – US$ 3,75 + US$ 0,50 a cada US$ 5 milhões – US$ 4,75 + US$ 0,50 a cada US$ 5 milhões
*ZHESPORTES