Sensação do futebol europeu na última temporada, o Leipzig projeta chegar à fase final da Liga dos Campeões e se manter no topo do futebol alemão. O defensor brasileiro Bernardo Júnior, titular do vice-campeão da Bundesliga, rejeita as comparações com o inglês Leicester e vê mais semelhanças da sua equipe com o Monaco, atual campeão francês.
– A gente é uma equipe jovem, que já provou o seu valor. Isso coloca a gente em uma condição boa pra fazer alguma coisa significante. Vencer a Liga dos Campeões é muito difícil, mas passar da fase de grupos já seria uma grande conquista – explicou Bernardo, em entrevista ao programa Planeta Bola, da Rádio Gaúcha.
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Após liderar a primeira metade do Campeonato Alemão, o Leipzig chegou a ser comparado ao Leicester City, campeão inglês da temporada anterior, mas que não repetiu o desempenho no ano seguinte. Bernardo, no entanto, vê mais semelhanças da sua equipe com o Monaco, que vem há alguns anos se mantendo no topo do futebol francês, sendo inclusive o atual campeão nacional.
– O nosso time é muito parecido com o Monaco, uma equipe de "moleques" que fez muito sucesso no seu país e foi muito bem na Liga dos Campeões. O Leicester fez uma coisa que talvez o Leipzig nunca faça, que é ser campeão nacional. Mas se você pensar na mentalidade de investir em jovens, no estilo de jogo e até mesmo no projeto de longo prazo, eu acho que o Leipzig é uma equipe mais promissora. É um time que teve um "boom" como o Leicester, mas que, ao longo dos anos, vai se manter em um boa posição na Bundesliga. Então, eu acho que sim, o Leipzig está mais para Monaco que para Leicester – explica.
Confiante em uma boa campanha do Leipzig na próxima temporada, o atleta comemora a conquista da Copa das Confederações pela seleção da Alemanha, com time reserva, principalmente pelo desempenho do seu companheiro de time Timo Werner, um dos goleadores da competição, com três gols.
– Eu não fiquei surpreso. O trabalho de formação da Alemanha é o melhor do mundo. Todos estão acostumados a viver o dia-a-dia da seleção principal. O título ajuda a valorizar a Bundesliga de forma geral, porque esses jogadores estão espalhados por várias equipes. A conquista do Timo Werner é também uma conquista para o Leipzig – completa.
Filho do ex-volante Bernardo, campeão brasileiro pelo São Paulo em 1986, Bernardo Júnior tem 22 anos e está no Leipzig há uma temporada. Polivalante, o paulistano é zagueiro de origem, mas atuou na maioria dos jogos do último campeonato como lateral-direito, mesmo sendo canhoto. O atleta pode jogar também como volante.
Confira a entrevista com Bernardo Júnior:
Que análise você faz do título da Alemanha na Copa das Confederações, com o seu companheiro de time, Timo Werner sendo goleador da competição?
Eu particularmente não fiquei surpreso. Pelo trabalho na base que é feito e pelo que eu vejo no dia-a-dia e nos jogos, com jogadores cada vez mais jovens, não me surpreende. O Timo Werner é uma premiação para o Leipzig. É uma satisfação jogar ao lado dele. Sem dúvidas, estará na próxima Copa e vai ser talvez o atacante da Alemanha na Copa seguinte. O Timo é muito rápido, é um dos mais rápidos do time da Bundesliga. Tem um poder importante de finalização. Essas características fazem dele um jogador diferente. E fora de campo ele é tranquilo, tem boa mentalidade, não deixa subir para a cabeça.
De que forma a conquista da Copa das Confederações com um time reserva ajuda a valorizar a Bundesliga, pois atuaram na seleção alemã atletas de equipes como Leipzig, Hoffenheim, Colônia, Schalke 04...?
O trabalho de formação na Alemanha é o melhor do mundo, independente da equipe. Na Espanha, você vê grandes craques surgindo, mas eles ficam restritos a dois clubes. Na Alemanha, é diferente. Todas as equipes têm um trabalho muito sério e produzem muitos jogadores. Além disso, todos estão acostumados a viver o dia-a-dia da seleção principal. Se você pegar as seleções sub-17 e sub-20, você vai ver até jogadores da segunda divisão. Isso ajuda a valorizar a Bundesliga em geral, porque esses jogadores estão espalhados por todas as equipes e não um time especial. Isso torna a competição mais forte.
Havia a possibilidade de o Leipzig ser proibido de jogar a Liga dos Campeões, pois o RB Salzburg, da Áustria, também é vinculado à Red Bull e o regulamento proíbe que participem dois times com o mesmo dono. Isso chegou a preocupar vocês?
Eu nunca tive nenhum tipo de preocupação com isso. Sempre deixaram claro para gente que não teria problema, porque a Red Bull é dona do Leipzig e é só patrocinadora do RB Salzburg. Então, não teria nenhum conflito de interesses.
O Leipzig tem condições de ir longe na Liga dos Campeões?
Eu imagino que a gente vá fazer uma boa competição. Somos uma equipe jovem, que já provou seu valor na Bundesliga. Isso coloca a gente em uma condição boa para fazer alguma coisa significante. O título ou chegar nas semifinais ou nas quartas seria algo muito difícil, mas talvez passar da fase de grupos já seria um resultado bom para gente. O nosso time é muito parecido com o Monaco, uma equipe de moleques que fez muito sucesso no seu país e que foi muito bem na Liga dos Campeões. É difícil prever, mas para nós já seria uma conquista passar da fase de grupos.
Na última temporada, o Leipzig foi muito comparado ao Leicester City. Seria correto então dizer que, pelo estilo de jogo e pelo perfil de jogadores, o Leipzig está mais para Monaco que para Leicester?
Eu acho que sim. O Leipzig está muito mais para Monaco do que para Leicester. Se você pensar na mentalidade de investir em jovens, no estilo de jogo e até mesmo no projeto de longo prazo, eu acho que o Leipzig é mais promissor que o Leicester. O Leicester fez uma coisa que talvez o Leipzig nunca faça, que é ser campeão nacional. Mas eu acho que o Leipzig é uma equipe mais promissora, que vem crescendo de forma gradativa ao longo dos anos. É uma equipe que teve um “boom” como o Leicester, mas que ao longo dos anos vai se manter em uma boa posição na Bundesliga. Então, eu acho que sim, o Leipzig está mais para Monaco que para Leicester.
* RÁDIO GAÚCHA