Essa nova recomendação da CBF, que pretende punir jogadores reservas que comemorarem excessivamente um gol, é de assustar. No Brasileirão, o absurdo vingou e já são vários os suplentes amarelados sob o pretexto de manter o jogo nos limites da ordem e dos bons costumes. Ora, quem pode pedir ordem na hora de um gol?
A coisa funciona assim: antes de o campeonato começar, os figurões da confederação se reúnem e redigem uma série de determinações à arbitragem. O objetivo é fazer com que a regra seja cumprida de forma mais ou menos parecida em todos os jogos. Mas o que fizeram neste ano não tem cabimento: a regra que proíbe a invasão de campo, por exemplo, ganhou como rabicho a determinação de que os reservas podem comemorar os gols de seus times, é evidente, mas "as comemorações não podem ser excessivas, e os mesmos não estão autorizados a entrar no campo de jogo". Ou seja, já estamos deixando vocês comemorarem, ainda querem fazê-lo excessivamente e dentro de campo? Amarelo!
E esse autoritarismo desmedido virou regra. Um resquício do tempo em que a autoridade era máxima, a liberdade era mínima e a discordância era desacato, algo que nada tem a ver com futebol. É de se pensar: em que momento "comemorações excessivas" tornaram-se um problema para os praticantes ou para os torcedores de futebol?
– Que golaço, rapaz! Uma pena a comemoração excessiva dos nossos suplentes, esperava um pouco mais de respeito e postura do meu banco de reservas – reclamou ninguém, nunca na história do futebol.
Veja outra das recomendações, a que dá conta das reclamações contra o juiz. Podem ser feitas, diz a CBF, mas estão proibidos "gestos" e "ações" acintosas. Ou aquela que diz que "os jogadores podem comemorar gol", como se precisassem de permissão, "porém as comemorações não podem ser excessivas" – entre os excessos, "fazer gestos inflamatórios", "cobrir o rosto com máscara" e "tirar a camisa". Adriano e seu perdão às pessoas ruins, Paulo Nunes e sua máscara de porco ou a inflamatória granada de Ronaldinho Gaúcho? Nem pensar!
Enquanto a solução parece ser, como sempre, restringir, engessar e proibir, discussões realmente úteis, como distribuição justa de verbas e calendários racionais, passam ao largo da CBF. Mas teremos ordem.