A trajetória do goleiro Fábio com a camisa do Figueirense teve uma reviravolta em menos de 24 horas. Enredo de uma daquelas histórias folclóricas do futebol. A trama em que o roteiro previa uma estreia promissora com o manto Alvinegro, conquistando o lugar do então titular Thiago Rodrigues, ganhou contornos cômicos quando se soube que ele deixou o Estádio Orlando Scarpelli de táxi, após o intervalo da derrota por 2 a 0 para o Boa Esporte, e de drama, quando ele falou sobre o problema de saúde da mãe para justificar o péssimo momento psicológico e, consequentemente, a falha embaixo dos três paus.
O arqueiro de 38 anos viajou ainda durante a madrugada de terça para quarta-feira com destino ao interior de São Paulo, onde vai ficar mais perto da mãe. Ele não se exime da responsabilidade do tropeço do Furacão no Orlando Scarpelli, mas se mostra com a consciência tranquila de ter tomado a melhor decisão.
– Eu já falhei em outros gols e isso não me afeta. Tenho experiência suficiente para isso. Quando se trata de família, tem que dar um passo atrás. No intervalo, chamei o professor e disse que não estava bem de cabeça, não expliquei o que era, e ele atendeu. Eu que pedi para sair. Acabei pegando um táxi e indo embora. Quis viajar o mais rápido possível para estar perto de quem eu queria – contou o jogador em entrevista ao site Itu Em Destaque.
Sem dar detalhes sobre os problemas que afligem a mãe, Fábio pede desculpas aos companheiros de time, à comissão técnica e ao dirigente Carlos Arini, que bancou a sua contratação. Diz que deixa o clube sem deixar inimizades.
– Só tenho que pedir desculpa. Eu deveria ter falado antes (sobre os problemas), mas acho que atrapalhei. Essa derrota é toda minha, eu assumo toda (a responsabilidade) por ela. O Carlito e o professor (Márcio Goiano) são dois caras espetaculares – enfatizou.
A dúvida agora é sobre os próximos passos na carreira profissional. Aos 38 anos, o futuro é um ponto de interrogação. Para Fábio, só o tempo trará as respostas.
– Por tudo o que vem acontecendo, eu preciso dar uma parada, vou dar uma refrescada na cabeça. Se vou parar ou não, o futuro vai dizer. Ainda me sinto em condições físicas, mas preciso melhorar o psicológico que não vem bem. Vamos ver para frente o que vai acontecer. A minha ideia era jogar mais este ano e o outro – diz o atleta.
Mais cedo, o jogador já havia se pronunciado por meio de uma carta. Confira a íntegra:
"Ocorreu que eu já vinha há algumas semanas com problemas particulares de ordem de saúde familiar, especialmente com a minha mãe, e eu não estava bem de cabeça com o que vinha acontecendo. No dia do jogo, no período da manhã /tarde, a sua saúde piorou.
Eu deveria ter pedido para não jogar, mas não o fiz porque quis jogar para resolver depois, porém não consegui me concentrar e me preparar para isso. No jogo, não tirava isso da cabeça. Estava me afetando e não consegui ajudar. Independente do gol que tomei, iria pedir para sair no intervalo, pois não conseguia pensar no jogo. Então, no intervalo chamei o professor (técnico Márcio Goiano) e falei pra ele que não estava bem de cabeça e que não conseguiria ajudar e estava prejudicando.
Não teve briga nenhuma, pelo contrário, o professor só atendeu a um pedido meu. Nem ele e nem o Carlito (Arini, superientende de esportes do Figueira) sabiam de nada, Eles não têm nada a ver com isso, são duas pessoas sérias e muito profissionais. Não estava com cabeça para ficar no estádio, pois queria ir embora e estar do lado de quem deveria. Peço desculpas aos atletas, à comissão técnica, à diretoria e à torcida. Nesse momento preciso de coração me retirar e estar do lado de minha família"
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