Fala-se intermitentemente na mídia nas ciclovias da Capital. Interessante essa discussão, na qual há aspecto essencial intocado.
Acaso terá o leitor adquirido algum dia uma esteira ou bicicleta ergométrica destinada à exercitação física caseira para atender recomendações de profissionais da saúde? E durante quanto tempo fez uso continuado do equipamento até que o deixou restar no canto em um cômodo em desuso? Quantas vezes o leitor estabeleceu programas próprios de exercitação física, digamos em academias – com musculação, pilates ou o moderno treinamento funcional – sem que tenha sido continuado assente na justificativa de falta de tempo por excesso de trabalho, viagens recorrentes a serviço etc.? E o programa de corridas pelos parques e pelas ruas que foi iniciado e depois foi interrompido semana a semana ao longo de poucos meses por alegadas dores em joelho, panturrilha, tendão de Aquiles? Enfim, os sempre edificantes projetos pessoais de condicionamento físico visando à vida saudável, tão recomendados, que quase sempre fenecem. Por quê?
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Durante mais de metade dos meus 70 anos de vida, venho praticando cotidianamente – com intensidade sempre sendo adequada ao avançar da idade – a corrida de fundo pelas ruas do bairro onde moro: já ficaram para trás mais de 48 mil quilômetros nesses 36 anos. Se a cada ferroada muscular eu tivesse parado para tratamento, já há muito haveria de me ter tornado por certo um sedentário. Entretanto, é para mim um sacrifício essa prática diária em que se sentem amiúde desconfortos musculoesqueléticos. E quem diz que correr é uma delícia está burlando a si e aos demais. Qualquer modalidade esportiva, para se tornar uma prática sem interrupções, habitual, requer do praticante disciplina e força de vontade. Logo, é sacrifício, sim.
Ora, isso também vale para quem anda de bicicleta (esquisitamente hoje codinomeadas bike ou magrela). Fazer-se às ruas com ela, quer como modalidade esportiva, quer como meio de locomoção, também requer disciplina e força de vontade. Ainda mais como locomoção ou como lazer em condições climáticas como as nossas.
A propósito, leitor, você já adquiriu sua bicicleta? Por acaso, ela estará atirada num canto em pleno desuso há tempos? Por quê?