Novak Djokovic apostou alto para tentar defender o título do Grand Slam de Roland Garros: o sérvio fez parceria com o lendário americano Andre Agassi, que vai treinar o número dois do mundo em Paris.
O ex-jogador aceitou dar uma pausa na aposentadoria para ajudar a relançar a carreira de Djoko, em queda livre desde que foi campeão no torneio no ano passado. Em 12 meses, o sérvio perdeu a liderança no ranking mundial de tênis e três de quatro Grand Slam: Wimbledon, US Open e Aberto da Austrália. Antes de iniciar Roland Garros, Djokovic continuou sem encontrar o equilíbrio nas partidas disputadas no saibro. A melhor atuação foi em Roma, onde chegou até a final, mas foi derrotado pelo jovem alemão Alexander Zverev, 20 anos.
Para tentar mudar a situação, o ainda número 2 do mundo decidiu mudar toda a comissão técnica, a começar pelo treinador eslovaco Marin Vadja, que o acompanhou em seus 12 títulos de Grand Slam. O preparador físico e o fisioterapeuta também foram dispensados.
Em dezembro, Djokovic demitiu o alemão Boris Becker, com quem trabalhou durante três anos. Agora, a aposta é em outro gigante do tênis: ninguém menos do que Agassi, em sua primeira experiência como treinador profissional. O principal problema vai ser ajudar o sérvio a recuperar a confiança, algo que Agassi sabe bastante, após longo período de seca nos anos 1990.
O americano sofreu com lesões, namorou o uso de drogas, deu positivo em exames antidoping (arquivado pela ATP) e se divorciou, o que deixou o tênis de lado, segundo a famosa autobiografia Open. Tudo isso o fez cair até a 140ª posição do ranking, em 1997. Dois anos depois, Agassi venceu Roland Garros e completou a coleção de torneios de Grand Slam.
Como vinho, Agassi melhorou com o tempo, levantando mais troféus entre os 29 e 36 anos do que antes do renascimento em Paris. Foram cinco conquistas contra três. Djokovic, que completa 30 anos na segunda-feira, ainda tem muitos anos pela frente.
Apesar das trajetórias dos dois tenistas serem diferentes, Agassi e Djoko têm semelhanças no saibro. Ambos sofreram na capital francesa, mas conseguiram levantar a taça aos 29 anos. Agassi teve de esperar a terceira final, enquanto o sérvio perdeu três decisões antes de ser campeão na quarta tentativa.Dentro de quadra, Agassi é considerado um dos melhores de todos os tempos que, como Djokovic, era um mestre em pontos vencedores.
Os primeiros encontros em Paris não tratarão aspectos técnicos e táticos, segundo Marc Rosset, ex-jogador suíço e comentarista de televisão, que conhece Agassi de perto.
– É alguém que tem empatia com as pessoas e sobretudo um lado humano forte, por tudo que aconteceu com ele – indicou o campeão olímpico em Barcelona, 1992. – Ele não dirá para Djokovic 'jogar assim ou assado. Vai tentar dar a opinião sobre onde está e como pode melhorar – acrescentou Rosset.
O britânico Andy Murray, número 1 do mundo, acredita que a união entre os dois é algo positivo para o Djokovic e para o tênis.
– Ser ajudado por Andre é um ponto positivo para Novak e algo bom para o tênis. Quando os grandes jogadores do passado continuam no esporte, isso gera mais interesse – explicou o escocês.
O que ainda precisa ser resolvido é o tempo da parceria e como Agassi vai se relacionar com o espanhol Pepe Imaz, preparador mental do tenista. Djokovic já encontrou sua nova equipe. Falta esse grupo ajudar o sérvio a voltar a dominar o tênis mundial.