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A chance de jogar pelo vice-campeão mundial atrairia, geralmente, os jogadores do mais alto nível. A situação de Leandro é diferente, mas o ex-atacante de Grêmio, Palmeiras, Santos e Coritiba aceitou o desafio. Promessa lançada por Renato Portaluppi em 2011, buscou no Kashima Antlers, do Japão, a chance para dar um salto na carreira.
Aos 24 anos, está desde o início do ano na Ásia para a sua primeira experiência no futebol internacional – e com a curiosa chance de reencontrar velhos conhecidos caso o seu time dispute, como em 2016, o Mundial de Clubes. No novo clube, já foram sete jogos – quatro como titular – e um gol marcado.
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Como surgiu a oportunidade de você ir para o Japão?
Houve uma consulta, junto aos meus empresários, sobre a possibilidade. Eu gostei da ideia e achei interessante poder viver essa experiência. Então, o pessoal do Kashima conversou com a diretoria do Palmeiras, e eles acertaram o empréstimo. Antes disso, renovei por mais um ano com o Palmeiras e tenho contrato aqui, agora, até dezembro.
Como está a sua adaptação a uma realidade totalmente diferente?
No começo é um pouco difícil, por conta da língua, uma cultura totalmente diferente, mas hoje já está bem melhor. É algo que a gente vive no futebol e tem que se acostumar. Tem os brasileiros aqui, temos um tradutor, e isso ajuda muito. Agora, já tem pouco mais de um mês que minha família está aqui. Com a presença deles as coisas ficam mais fáceis, e já me sinto bem adaptado.
O nível do futebol japonês é bom?
O nível é muito bom. É um estilo de jogo diferente, mais rápido, mas bom de jogar. Tem jogadores de qualidade, praticamente todos os times contam com estrangeiros, então é um nível com qualidade. Tanto que os clubes do Japão sempre chegam entre os primeiros nas competições asiáticas. O próprio Kashima, ano passado, foi finalista do Mundial de Clubes.
Você ainda tem planos de jogar no futebol europeu?
A gente sempre sonha com coisas grandes para a carreira. Trabalho sempre para atingir o meu melhor. Hoje minha cabeça está voltada aqui para o Kashima, mas nunca sabemos o dia de amanhã. A Europa é um sonho, mais um passo na carreira, mas tenho que penser em evoluir aqui para crescer.
Em 2013, você acabou deixando o Grêmio na troca com o Palmeiras pelo Barcos. Você acha que a troca de time foi boa para você ou seria melhor ter seguido em Porto Alegre na época?
A troca foi boa, tanto que vivi minha melhor temporada em 2013, sendo artilheiro do Palmeiras no ano e conquistando acesso à Série A. Depois, tive uma lesão que me atrapalhou um pouco. E também o time, como um todo, não foi bem. Ano passado, voltei a ter uma boa temporada, pelo Coritiba, com gols e assistências. Isso me deixou muito motivado, pois sempre acreditei no meu potencial. Tenho um grande carinho pelo Grêmio, clube onde comecei como profissional e também vivi grandes momentos.
Quais você avalia como o melhor e o pior momento da sua carreira?
O pior foi quando tive a lesão no Palmeiras, que acabei perdendo cerca de seis meses. Um problema chato no pé, que depois tive que acabar operando. Os melhores momentos divido em três. Quando comecei no Grêmio e fui muito bem; em 2013, pelo Palmeiras, chegando até mesmo à Seleção Brasileira; e ano passado no Coritiba, no segundo semestre. Acho que esses três períodos foram muito bons e espero poder repetir um pouco aqui no Japão.
Você tinha uma boa relação com o Renato Portaluppi. O que ele significou para a sua carreira?
O Renato é um grande treinador, que sempre me deu dicas no profissional e tenho grande satisfação e reconhecimento por ter trabalhado com ele. Com ele, passei a jogar na posição que jogo hoje, mais na frente. Ele viu esse potencial em mim e apostou que poderia dar certo. Fico feliz de ele ter voltado ao Grêmio e estar fazendo um bom trabalho, com a importante conquista da Copa do Brasil. Até hoje lembro dos conselhos dele e agradeço.
Você consegue acompanhar as notícias do futebol brasileiro?
Sim, sempre dá para acompanhar. A gente fica sempre de olhos nos noticiários ou então o pessoal manda notícias. Estou sempre em contato com os amigos e família no Brasil. Não tem como. É algo que a gente sempre vive, mesmo estando longe, do outro lado do mundo.
Existe a possibilidade de o Kashima Antlers acabar por enfrentar um brasileiro no Mundial de Clubes. Dentre os brasileiros que estão na Libertadores estão três dos seus ex-times (Grêmio, Palmeiras e Santos). O que você acha da chance de enfrentar algum deles?
Não só os três, mas os brasileiros, este ano, estão muito fortes e bem na Libertadores. Equipes de qualidade e com elencos muito fortes. Seria legal poder enfrentar um dos três, mas antes temos que conseguir de novo a vaga. Avançamos para próxima fase da Liga da Ásia, fizemos uma boa campanha na fase de grupos, e agora é seguir trabalhando e evoluindo. Encontrar um time brasileiro lá seria legal, tanto para nós para quem conseguir a vaga.
*ZHESPORTES