Em breve passagem ao Brasil, o ex-técnico da seleção Luiz Felipe Scolari, o Felipão, de 68 anos, admitiu que chorou por dias depois da trágica derrota por 7 a 1 para a Alemanha na Copa de 2014, mas afirmou não mudaria nada do que fez naquele dia.
– Não tenho muito o que justificar. (...) Não faria nada diferente. Quando eu me comunicava com meus auxiliares, Murtosa, Parreira, e quando tínhamos a oportunidade de falar com pessoas que já jogaram futebol e que hoje são comentaristas, nós tivemos completo apoio de um, dois, três, sobre a forma de jogar. Depois, nenhum [comentarista] se manifestou – disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
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Felipão, que desde 2015 vive na China, onde treina o Guangzhou Evergrande, disse que sentiu tristeza por um período depois da Copa, e ressaltou que não pretende voltar a treinar times brasileiros:
– Mas foi uma derrota frustrante, e que era pra chorar até hoje. Mas você chora um dia, chora outro, ou não chora e sente um pouco mais. Passei muitos dias triste. Agora, a vida continua. Só levanta de novo quem caiu e tem qualidades para levantar. Foi o que fiz. Estou muito contente com todas as atitudes que tomei depois da Copa. Lá na China já são seis títulos. E para mim o mais importante é que meus jogadores estão felizes porque estão jogando no Guangzhou – disse.
Questionado sobre a vida que leva no país asiático, o técnico a descreveu como feliz e tranquila, fazendo questão de destacar que possui uma qualidade de vida excelente, com segurança:
– É tranquilo para trabalhar. Temos um esquema de trabalho muito tranquilo: o CT é fechado, tem entrada de torcedores uma vez ao mês, é permitida a entrada da imprensa uma vez na semana, nos treinos que antecedem os jogos. É uma situação tranquila para o técnico e para viver. Estou feliz, tenho contrato com eles até o final do ano e tenho opção de renovar por mais um ano – disse ao jornal, destacando que quer continuar treinando o Guangzhou.
Sobre a qualidade dos jogadores, Felipão fez questão de afirmar que são bons, e que possui jogadores que estariam em qualquer equipe da Europa. O técnico destacou profissionais brasileiros que estão no futebol chinês, como Ricardo Goulart, Paulinho e Alan, e afirmou ainda que o capitão de sua equipe jogou na Inglaterra e na Escócia. Entretanto, admitiu que ainda não é possível comparar o Campeonato Chinês com o Brasileiro:
–Ainda faltam passos a serem dados, que não sei se serão dados pela Federação, porque precisa de muita organização e tempo. Precisa de campeonatos sub-17, sub-19, sub-20, que não existem lá. Como vão revelar jogadores? Eu comento, mas não entro no mérito da questão. Lá na China eu quase não indico jogadores para contratar. Quem faz isso é o clube, que me consulta, claro. E a minha função é treinar a equipe, sem discutir valores, nomes – disse.
O ex-técnico da seleção ainda afirmou que não pretende voltar a treinar times do Brasil, e admitiu que recebeu uma proposta de um grande clube da Europa para a próxima temporada. Ele ressaltou, entretanto, que quer permanecer por no mínimo mais dois anos na China.
– Agora que eu estou no Brasil, escreveram que eu vim porque estou saindo de lá, que estou me aposentando, que estou doente... O presidente do clube me mandou mensagens, ficou preocupado. Não tem nada disso. Tenho família, filhos, por isso viajei para cá. Agora, pelo que eu iria brigar aqui no Brasil como treinador? O que acrescentaria ao meu currículo? Confusão na minha vida. As pessoas aqui confundem situações de campeonatos, de jogos e acontecimentos.