O New Orleans Saints é um dos piores times quando o assunto é o manejo do teto salarial da NFL. E um dos exemplos disso é como o time tem lidado com o contrato do quarterback Drew Brees. No ano passado, o time reestruturou o vínculo do camisa 9 e comprometeu o seu futuro a médio prazo para ter mais espaço no teto salarial em 2016.
Inicialmente, Brees cumpriria o último ano de seu contrato antigo em 2016, mas teria um impacto salarial danoso de US$ 30 milhões. Com a reestruturação, o Saints conseguiu reduzir o impacto na temporada passada para US$ 17,25 milhões. Contudo, garantiu a permanência do quarterback apenas até 2017 e gerou problemas pelo menos até 2020.
Leia mais:
Antigos astros da NFL são cortados para reduzir gastos de times
Steelers assina novos contratos com Antonio Brown e Le'Veon Bell
Dirigente do Vikings diz que "faria novamente" troca por Bradford
Qual o mecanismo usado para reduzir o impacto do salário de Brees em 2016?
Um contrato da NFL tem várias formas de pagamento. A maioria gera um impacto no teto salarial no mesmo momento em que o valor é pago. A exceção é o chamado signing bonus (ou luvas). Este valor é pago imediatamente no momento da assinatura do contrato, mas o seu impacto no teto salarial é diluído igualmente entre todo o contrato (ou nos primeiros cinco anos, caso o vínculo seja maior).
Inicialmente, o contrato de Drew Brees teria US$ 20 milhões entre base salarial e bônus por treinos. Havia ainda US$ 10 milhões em luvas – valor que já havia sido pago e teria impacto de qualquer maneira.
Na reestruturação, o Saints jogou a base salarial para o futuro. Com isso, pagou apenas US$ 1,25 milhão entre base salarial e bônus de treinos, além de US$ 16 milhões em luvas.
O impacto, que seria de US$ 30 milhões, caiu para US$ 17,25 milhões em 2016.
Como o Saints formulou o contrato?
O Saints fez um contrato de apenas dois anos com Brees. Mas, como as luvas acordadas na reestruturação foram de US$ 30 milhões, o impacto seria de US$ 15 milhões por ano. Para reduzir estes valores, o Saints formulou um contrato de cinco anos que se cancelaria automaticamente após a segunda temporada.
Com isso, o impacto das luvas seria de US$ 6 milhões por temporada.
Qual o problema?
Na prática, o cancelamento automático do contrato de Drew Brees funciona para efeitos de teto salarial como se fosse um corte – é como se o quarterback fosse dispensado pelo time. Com isso, decai sobre o teto salarial do Saints todo o valor garantido que ainda resta. Como são US$ 6 milhões por ano de 2018 a 2020, o Saints terá um impacto de US$ 18 milhões em 2018, mesmo sem ter contrato com Brees.
Como é possível resolver?
A única chance de o Saints minimizar o impacto é fazer uma nova reestruturação com Brees antes de o cancelamento do contrato ocorrer no começo de 2018. O time precisará oferecer uma nova base salarial – e talvez novas luvas – a Brees para permitir que as luvas da reestruturação do ano passado sigam repartidas igualmente entre 2018 e 2020, com US$ 6 milhões por ano, em vez de acelerar para US$ 18 milhões no mesmo ano.
Como era o contrato anterior de Brees
2016
Base salarial: US$ 19,75 milhões
Luvas: US$ 7,4 milhões
Bônus de treinos: US$ 250 mil
Luvas de reestruturação: US$ 2,6 milhões
TOTAL: US$ 30 milhões
Dead money se fosse cortado: US$ 20,85 milhões
Como é o novo contrato do Brees
2016
Base salarial: US$ 1 milhão
Luvas: US$ 13,4 milhões
Bônus de treinos: US$ 250 mil
Luvas de reestruturação: US$ 2,6 milhões
TOTAL: US$ 17,25 milhões
Dead money se fosse cortado: 54,25 milhões
2017
Base salarial: US$ 13 milhões
Luvas: US$ 6 milhões
TOTAL: US$ 19 milhões
Dead money se for cortado: US$ 37 milhões
2018
Luvas: US$ 6 milhões
TOTAL: US$ 6 milhões
Dead money que existirá com o fim automático do contrato: US$ 18 milhões
2019 e 2020
Luvas: US$ 6 milhões em cada ano
Contrato já estará encerrado
*ZHESPORTES