Entendo o argumento do meu amigo Marcelo Carôllo, editor de vídeos aqui de ZH que, ontem, neste mesmo espaço que vos escrevo, defendeu que o New England Patriots não seria campeão mundial porque, basicamente, não disputou nenhuma partida contra outros times do mundo.
É compreensível. Realmente parece bastante estranho se proclamar "campeão do mundo" após vencer um torneio que não possibilita a participação de times de todo o planeta. Não pretendo entrar no mérito do "Mundial Fifa" ou "Intercontinental". É claro e evidente que ninguém é campeão de véspera e que grandes azarões marcam a história esportiva quase na mesma proporção que pichadores marcam os muros espalhados pelos bairros de Porto Alegre.
Leia mais:
Marcelo Carôllo: campeões do mundo
Fabrício Freire Gomes: o jogo da vida
Cláudio Brito: será preciso se fingir de morto
Só que, com o futebol americano, não é bem assim. O New England Patriots, de Tom Brady, Bill Belichick, Julian Edelman e Cia. é, sim, campeão mundial. Não existe a menor possibilidade de que o Porto Alegre Crows, time de futebol americano daqui, vença o New England Patriots. Explico o porquê. Não é como se fosse um azarão em uma semifinal de Mundial da Fifa. Não é como se fosse o Flamengo de Zico perdendo para o Atlético Carazinho. Ou o Apafut, de Flores da Cunha, vencendo o Real Madrid de Cristiano Ronaldo. Ou o JMalucelli goleando o Chelsea de Antonio Conte. Ou o Nova Prata batendo o Barcelona do trio MSN. Ou o São Borja vencendo o Sevilla de Jorge Sampaoli...
A comparação entre um hipotético, absurdo e anômalo duelo entre o New England Patriots e o Porto Alegre Crows, com todo o respeito à equipe da capital do Rio Grande do Sul, seria como se a Seleção Brasileira campeã da Copa do Mundo de 2002 com Ronaldinho, Ronaldo, Rivaldo, etc. disputasse uma partida contra o time da segunda série do Colégio Estadual de Ensino Fundamental Souza Lobo, lá da zona norte. Nesta ocasião, não existe jogo jogado, lambari pescado ou o raio que o parta. Não há como fazer nenhuma comparação entre os times de futebol americano dos Estados Unidos e os demais do mundo.
Fato que ilustra bem tal disparidade é que, em 2015, a seleção estadunidense de futebol americano sagrou-se campeã mundial ao derrotar o Japão com uma diferença avassaladora de 47 pontos – e sem escalar nenhum atleta da NFL, principal liga do esporte no país.
Se nem o Atlanta Falcons do melhor jogador da temporada, o quarterback Matt Ryan, pôde vencer o New England Patriots, ninguém ao redor do globo será capaz de tal façanha. Tom Brady, Bill Belichick e Julian Edelman são, sim, campeões mundiais.
*ZHESPORTES
