O começo de temporada é de caras novas no futebol brasileiro – e não apenas dentro de campo. Técnicos da nova geração começam a ganhar espaço nos principais clubes e, em 2017, comandam sete dos 12 grandes do país. O que significa novas ideias, novos métodos de trabalho e até mesmo um novo vocabulário. O que não muda, no entanto, é a pressão: mesmo que o ano esteja no início, e os principais campeonatos ainda nem tenham começado, resultados e atuações abaixo do esperado significam críticas da imprensa e da torcida aos novos professores. Muitas vezes, justamente por conta das novidades.
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É o caso, por exemplo, do Palmeiras. Campeão brasileiro em 2016 após 22 anos, o clube vive um momento especial, com poderio financeiro para contratar destaques da América do Sul e reforçar seu elenco. Mas a mudança no comando técnico tem preocupado os alviverdes – mesmo depois de apenas cinco jogos. Escolhido para a vaga de Cuca, Eduardo Baptista trouxe no currículo boas passagens por Sport e Ponte Preta. Mas a paciência anda curta, principalmente após a derrota para o Corinthians, na última quarta-feira, pelo Paulistão, em jogo em que seu time teve um jogador a mais no segundo tempo. A explicação para o tropeço e para o desempenho, considerado abaixo do esperado, deve-se aos desfalques palmeirenses neste início de ano, de acordo com Baptista.
– Para preparar uma equipe para uma competição, você precisa de sequência. Eu não fico reclamando, mas tivemos quatro perdas no mesmo setor do campo. Se a gente mexer mais na frente, começa a montar um time a cada rodada. Parte da evolução é na repetição. Contra o Corinthians, era para ter a base. Não tive cinco, seis jogadores que foram campeões no ano passado – lamentou Baptista, que tem três vitórias e duas derrotas até agora no ano.
Situação parecida vive Antônio Carlos Zago. Escolhido para comandar o Inter na disputa da Série B do Brasileirão, o treinador tem, no Beira-Rio, sua segunda chance em um grande clube – ele também passou justamente pelo Palmeiras, em 2010. Por enquanto, seu trabalho tem sido contestado: o time ainda não venceu no Gauchão, apesar de ter 100% de aproveitamento na Copa do Brasil e na Primeira Liga, e Zago ainda busca a melhor escalação e esquema tático, com quatro formações diferentes testadas até agora.
Quem está em um bom momento é Rogério Ceni. Maior ídolo da história do São Paulo, o ex-goleiro vive seus primeiros dias como treinador e chama a atenção pelo estilo ofensivo de futebol que tem implementado no Morumbi, com 16 gols em seis jogos. A sua história no clube ajuda a manter a calma nas arquibancadas, mesmo após um empate em casa e uma derrota no Paulistão. Ceni sempre faz questão de ressaltar a importância de ver seu time com a bola, e os tricolores parecem ter comprado a ideia, com críticas positivas ao trabalho.
– Gosto mais do jogo controlado, não que nem basquete, quando um arremessa, volta, o outro arremessa, volta. No futebol não tem os 24 segundos (tempo permitido para um time ter a posse de bola no basquete sem arremessar). Você tem que ficar mais com a bola. (...) Os gols não são unicamente fruto dos atacantes, e sim de um sistema de jogo que busca o gol a todo momento – disse o novo técnico em suas entrevistas.
O Corinthians apostou em Fábio Carille, integrante da comissão técnica de Tite e treinador do time em parte do ano passado, como nome da vez em 2017. Já o Atlético-MG escolheu Roger Machado pelos bons desempenhos apresentados no Grêmio, enquanto Flamengo e Botafogo decidiram manter Zé Ricardo e Jair Ventura, que assumiram os postos dos veteranos Muricy Ramalho e Ricardo Gomes, em 2016, e tiveram performances acima do esperado. Ao seu jeito, cada um tenta fazer parte da tão aguardada renovação do futebol brasileiro.
*ZHESPORTES