Se você assistir a um jogo do Lebes/Gedore/Canoas pela Superliga, provavelmente verá Thales Hoss fazer, pelo menos, oito defesas. É essa a média do líbero gaúcho de 27 anos, o que o coloca como líder no fundamento na principal competição de vôlei do país.
Natural de São Leopoldo, Thales começou a jogar vôlei no Colégio Sinodal, aos nove anos, e passou por todas as categorias de base da seleção brasileira. Em 2009, foi campeão mundial juvenil na Índia. Porém, não conseguiu chegar à seleção principal.
– O Brasil tem atletas de altíssimo nível na posição como Mário (Júnior), Serginho e Tiago (Brendle). Por isso, ficou muito difícil – justifica.
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Agora no Canoas, o líbero faz a sua melhor temporada da carreira. Desempenho elogiado por Serginho, referência na posição e ex-companheiro de equipe no Sesi-SP:
– Desde aquele tempo eu já via seu potencial. É um garoto dedicado, que está no caminho – projeta.
Tiago Brendle, do Campinas, é apontando como principal substituto de Serginho na equipe brasileira. Mas Marcelo Fronckowiak, técnico do Canoas e agora novo auxiliar de Renan Dal Zotto na seleção, chama a atenção para o ótimo desempenho do melhor líbero do primeiro turno da Superliga:
– Thales está fazendo uma belíssima temporada. Tive a oportunidade de conversar com alguns integrantes da comissão técnica da seleção e alertei para a possibilidade de o líbero estar no grupo. Hoje, ele é mais jogador que o Tiago Brendle – afirma.
Sucessor de Bernardinho, o técnico Renan Dal Zotto evita fazer comparações entre os jogadores. Acha cedo para projetar qual seria o seu time titular. Porém, não nega que Thales passa segurança.
– Conheço bem o Thales porque trabalhamos juntos em Santa Catarina. Ele tem uma qualidade técnica muito boa. É um líbero que está fazendo um grande campeonato e que há tempos demonstra ser confiável – avalia o técnico da seleção.
Nesta entrevista a ZH, Thales fala sobre quanto Fronckowiak e o Canoas o ajudaram a chegar à liderança das estatísticas na Superliga de vôlei masculino.
Foi uma surpresa terminar o primeiro turno da Superliga como o melhor líbero do Brasil?
Sim. Nem contava com isso. Alguns amigos meus me mandaram pelo WhatsApp: "Parabéns, melhor líbero". Perguntei: "Do Gauchão?". Responderam-me: "Não, da Superliga". Fiquei surpreso, apesar de acompanhar as estatísticas no site da CBV. Tenho certeza de que existem líberos melhores do que eu no país. Mesmo assim, é um reconhecimento muito legal.
Você é um líbero com características de recepção, porém está defendendo mais nesta temporada. Qual o motivo?
É uma surpresa. O Marcelo (Fronckowiak) e o Chiquita (auxiliar técnico) me deram bons conselhos quando cheguei aqui ao Canoas. Isso influenciou muito. Todos que estão na Superliga jogam em alto nível. Porém, são detalhes como o posicionamento e a leitura do atacante que fazem a diferença. Isso me ajudou a crescer bastante no fundamento.
Você estuda a incidência de ataques dos adversários antes dos jogos?
Uma semana antes do jogo, recebemos da comissão técnica um relatório sobre a direção de ataque, levantamento, saque e outros fundamentos da equipe adversária. Estudo muito isso para saber onde o atleta da outra equipe tem a maior possibilidade de efetuar o ataque durante determinado momento da partida. É uma marcação preestabelecida e treinada durante a semana.
Nos outros clubes que você jogou, não existia este estudo?
Existia, mas aqui em Canoas me ajudaram muito no que diz respeito ao meu posicionamento. Minha vida particular também está boa. Estou bem com a minha família, e isso acaba influenciando.
O Ialisson, central do Canoas, está bem nas estatísticas de bloqueio. Isso colaborou?
Com certeza. Joguei dois anos com o Ialisson na Cimed, em Florianópolis, e fomos campeões da Superliga. Confio muito nele. Sei que a bola não vai passar onde ele estiver bloqueando. Isso me deixa muito seguro para tentar defender.
Qual o técnico que mais te ajudou?
Foram vários. O Marcelo (Fronckowiak), por exemplo, é um estudioso. Se você perguntar para ele o percentual de um atleta que disputou a Superliga em 2014 ele vai te responder. O vôlei está cada vez mais voltado aos números. Além disso, ele me dá liberdade para mudar marcações conforme o meu intuito durante a partida.
Próximos jogos dos times gaúchos
Sábado, 4/2
18h – Canoas x Brasil Kirin
21h30min – Sesi-SP x Bento Vôlei