Um tribunal do Cairo incluiu o ídolo aposentado do futebol egípcio Mohamed Aboutrika na lista de organizações e pessoas consideradas como "terroristas", por suas supostas relações com a organização islâmica Irmandade Muçulmana.
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Aboutrika, ex-atacante da seleção nacional e considerado um dos melhores jogadores africanos de sua geração, ficou famoso jogando pela equipe da capital Al-Ahly, antes de se aposentar em 2013.
O governo o considera suspeito de ter financiado a organização radical islâmica Irmandade Muçulmana, oficialmente declarada como "terrorista" desde 2013.
O tribunal inseriu o nome de Aboutrika na lista de pessoas consideradas terroristas, confirmaram o advogado do jogador e um funcionário judicial. A lista inclui o nome de mais de 1.500 pessoas, como o do ex-presidente Mohamed Mursi, atualmente preso.
Conforme uma lei antiterrorista adotada em 2015 pelo regime do presidente Abdel Fatah al-Sissi, pessoas classificadas como "terroristas" estão proibidas de deixar o território egípcio e têm seus passaportes e bens confiscados.
Na campanha presidencial de 2012, Aboutrika respaldou publicamente a candidatura de Mohamed Mursi, candidato ligado à Irmandade Muçulmana.
O advogado do jogador, Mohamed Osman, criticou a decisão do tribunal, que classificou de "contrária à lei", porque Aboutrika "não foi alvo de nenhuma condenação nem de qualquer acusação", antes de adiantar que irá recorrer.
Aboutrika encontra-se atualmente no Catar, onde trabalha como comentarista para a emissora beIn Sports nas partidas da Copa Africana de Nações-2017.
Contraponto:
A decisão judicial causou indignação no Egito, onde se popularizou rapidamente uma hashtag no Twitter afirmando que Aboutrika não é um criminoso.
– Vamos continuar defendendo ele e seguirei fazendo isso até que apresentem provas. Duvido que um homem como ele possa agir contra o Egito – reagiu no Twitter Ahmed Hossam, atual estrela do futebol egípcio.
– Em vez de colocar seu nome na lista de campeões, o colocam na lista de terroristas – afirmou por sua vez o apresentador de televisão Wael al-Ebrachi.
Em maio de 2015, uma comissão do Ministério da Justiça encarregada de confiscar os bens pertencentes à Irmandade Muçulmana congelou os de Aboutrika.
Na época, o ex-jogador, que tinha participação em uma agência de viagens, negou que sua empresa ou seus sócios tivessem financiado a organização islâmica.
Os bens de Aboutrika seguem congelados até hoje, apesar de decisões judiciais pedirem a anulação das punições, segundo Osman.
Um ano depois de chegar ao poder, Mohamed Mursi foi destituído pelo ex-chefe do exército e atual presidente do Egito, Abdel Fatah al-Sissi.
A Irmandade Muçulmana nega ter recorrido à violência para combater o atual governo egípcio, em um momento em que seus partidários são objetos de uma brutal repressão desde a destituição de Mursi.
*AFP