Você deve ter visto.
Se não viu, dê um jeito de ver.
Estou falando do flagrante do menino português que se comove diante da tristeza de um adulto francês arrasado com a derrota em casa na final da Eurocopa, em meio à festa lusitana e a decepção azul nas ruas de Paris.
O garoto se constrange de ficar vibrando perto dele sem ao menos considerar sua presença. Vai lá e oferece um abraço. Sozinho, ele e sua dor, o francês leva um susto. Logo percebe a beleza da inocência do gesto e o retribui. A dor da perda do título deve ter doído menos depois daquele abraço.
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É uma daquelas cenas que anima a gente a acreditar de novo no ser humano, aparentemente uma instituição falida para sempre.
As crianças nascem boas, todas elas. Ninguém nasce violento, delinquente, racista ou barra-brava, defeitos quase sempre reunidos na mesma delinquência, no caso do futebol. A deformação se dá depois, em casa e nas ruas.
Enfim: veja a cena.
A Olimpíada do Rio é logo ali, e os Jogos costumam produzir imagens impressionantes. Mas um flagrante assim, anônimo, espontâneo e tão cheio de grandeza como esse do menino português com o adulto francês, sei não.
Talvez seja a a cena do ano.