Quando pipocou na minha timeline a notícia de que a Federação Internacional de Voleibol (FIVB) estuda fixar um tempo limite para os sets, eu custei a acreditar, mas não duvidei.
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Por aqui, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) já concordou com sets de 21 pontos na temporada 2013/2014 e as finais da Superliga só não são disputadas em playoffs (como o restante da fase eliminatória) porque a TV aceita transmitir apenas uma partida final, e não três. Mas veja bem: contando masculino e feminino, a Superliga soma aproximadamente 300 jogos. A TV aberta só transmite uma partida de cada naipe (a decisão). Não lhes parece pouco demais para que o tempo de transmissão determine as regras do jogo? De que lado a federação está?
Compreendo a importância do aporte financeiro que a TV representa para o esporte neste país, que já foi o do futebol. Sem patrocínio, atletas de ponta em outras modalidades precisam fazer vaquinha na internet para disputar campeonatos. Mas tamanha submissão aos interesses econômicos dos canais de televisão, que, sempre bom lembrar, são concessões públicas, não beneficia em nada o esporte. E o papel das federações deveria ser defender os interesses do esporte.
Não dá para imaginar um set com apito final aos 25 minutos, seja lá qual for o placar. Já pensou se aquele Brasil x Rússia das quartas de final de vôlei feminino na Olimpíada de Londres tivesse terminado em 1 hora e 45 minutos? Aqueles seis match points que o Brasil tirou da Rússia (seis!) não teriam entrado para a história – e não teríamos comemorado a conquista do segundo ouro olímpico duas partidas depois.
Muitas regras foram alteradas nos últimos anos. Algumas, é preciso reconhecer, tornaram o jogo mais dinâmico, como validar o saque que queima na rede, eliminar a vantagem e poder salvar uma bola com o pé. Tudo já visava reduzir o tempo das partidas. Se hoje elas estão demorando demais para o gosto de TV, isso se deve ao equilíbrio das equipes, o que deveria ser positivo. No mínimo, garante partidas bem menos monótonas do que boa parte dos jogos do Brasileirão, que ocupam a grade televisiva toda quarta e domingo.
A emoção do vôlei está nos ralis disputados, nas viradas heroicas, na vitória buscada ponto a ponto. Impor um cronômetro seria descaracterizar o esporte. Por favor, não deixem a TV acabar com o voleibol.
*ZHESPORTES