Paulo Isidoro foi para lá de elegante ao comentar a comparação do vice de futebol do Grêmio, Alberto Guerra, ao dizer que "Negueba poderia ser um novo Paulo Isidoro". Aos 63 anos, o ex-camisa 8 tricolor, peça-chave na conquista do campeonato brasileiro de 1981, falou de BH: "Ele é mais habilidoso do que eu".
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Negueba não será um novo Paulo Isidoro. Por uma razão simples. Jogadores como o ex-meia – miúdo (1m68cm) e de pernas finas – não surgem assim do nada. Paulo Isidoro não chegou a ser um craque. Mas era um jogador superior. Não era de frescuras, toques bonitos, coisa e tal. Era vertical, incansável e tático. Um sonho de consumo para os técnicos que gostam de jogadores multifuncionais. Sempre foi moderno, sempre foi importante.
Paulo Isidoro de Jesus armava, desarmava, aparecia na direita, na esquerda, na defesa e no ataque. Destacou-se por Atlético-MG, Santos, Grêmio, Cruzeiro e pela Seleção. Virou titular de Telê Santana naquele time histórico da Copa de 1982. Alguns o chamavam de Passarinho, tal sua leveza em se deslocar em campo.
A relação Negueba/Paulo Isidoro mexeu com a memória dos jornalistas mais antigos da Redação. Rapidamente, um bolinho formou-se para falar do assunto. Sobraram elogios ao Tiziu (o outro apelido de Isidoro). Jones Lopes da Silva comentou: "Era um monstro". Diego Araujo disse: "Jogava muito", Nilson Souza afirmou: "Um belo jogador". Todos meio incrédulos com a comparação. Mas vale, ela é boa para o futebol.
O tema cresceu e passamos a lembrar de jogadores com o estilo de Isidoro. Quem é melhor, perguntei, para continuarmos na brincadeira: Isidoro, Valdo ou Tinga? Nilson foi rápido e elegeu Tinga. Diego e Jones escolheram Valdo, o meu escolhido também.
São jogadores semelhantes, não iguais. Valdo era mais habilidoso. Tinha um drible de corpo que deixava os marcadores tontos. Tinga era um X-Men, tal sua capacidade de se adaptar aos esquemas, um mutante com inteligência acima da média. Isidoro era mais agudo, buscava mais o gol. Mas todos tinham uma característica em comum: um pulmão de aço. Corriam demais.
Depois de alguns suspiros, o bolinho de jornalistas se dispersou. Todos mais felizes por recordar bons momentos. Tivemos a sorte de ver Isidoro, Valdo e Tinga em ação. Agora resta esperar que Negueba nos surpreenda. Sua estreia contra a Chapecoense foi boa. Negueba não precisa ser Isidoro. Basta ser um bom jogador.
*ZHESPORTES