Lisete Frohlich não passou despercebida em sua gestão de pouco mais de um ano no Riograndense – julho de 2014 a agosto de 2015, quando renunciou. Divulgou como poucos a marca do clube pelo Estado e até fora dele. No final da tarde desta sexta-feira, das 17h às 19h, na Feira do Livro, na Praça Saldanha Marinho, a ex-presidente esmeraldina lançará o livro @PraSerFeliz, no qual relata histórias da sua passagem pelo clube do bairro Perpétuo Socorro, entre outros capítulos da sua vida, desde que deixou a roça, no interior de Venâncio Aires. O preço promocional do livro é R$ 23,90.
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– O livro é um resumo do que eu vivenciei desde a minha infância, quando surgiu o amor pelo futebol. Todas as conquistas que tive e o legado que deixei. Não é apenas para esportistas. Falo para o jovem que está em dúvida na carreira e tem medo. Tem dicas para empresários de como usar o futebol na sua empresa. Falo para as mulheres. Meu objetivo é falar para as pessoas que busquem os seus sonhos. Mas, claro, que o ponto chave é o Riograndense – conta Lisete, que atua como palestrante, consultora de gestão e no ramo do marketing.
A ex-mandatária esmeraldina explica o nome dado ao livro:
– O nome do livro se refere ao domínio da felicidade. Há um tempo atrás, comecei a pensar que todas as coisas que a gente faz, temos de fazer para ser feliz. Cada atitude que vou tomar é para ser feliz. O que não me fizer bem, não vou fazer. É como no Riograndense. Quando eu vi que não estava me fazendo bem, eu saí.
Em tópicos, Lisete fala sobre o rebaixamento do Riograndense, as críticas sofridas, os arrependimentos e o futuro do clube:
O rebaixamento do Riograndense
Para mim foi muito triste. Acompanhei todo esse período. Ao mesmo tempo em que meu livro fica pronto, coisa que me fez muito feliz, o Riograndense é rebaixado, o que me deixou muito triste.
O futuro do clube
Só vejo um caminho para o Riograndense, que é se profissionalizar e ter gestão. Não adianta mais trabalhar com amadorismo, como vinha sendo feito. Até sugeri para alguns dirigentes que olhassem o clube com novos olhos e pegassem pessoas novas. Quem sabe algum administrador, alguém remunerado (...) O clube pode dar uma reviravolta, mas é preciso fazer esse planejamento para ontem. Não adianta fazer reuniãozinha aqui, reuniãozinha ali e não definir nada. O Riograndense precisa de pessoas sérias e que querem ver o futebol andar, com profissionalismo, transparência e gestão (...) Hoje, as pessoas que vão lá para assumir, são pessoas bem sucedidas na sua área e bem sucedidas financeiramente, que administram muito bem o seu negócio, mas não conseguem administrar o clube.
Críticas e dívidas que ficaram
Eu saí do clube porque houve uma certa animosidade. Quando decidimos jogar a Copa FGF Sub-19, disse para eles (dirigentes e conselheiros) que teríamos um custo de R$ 23,3 mil, no mínimo. E a maioria aceitou jogar. Poucas pessoas disseram para não jogar. A minha meta era sanar a saúde financeira do clube. São pouquíssimas coisas que ficaram para trás. Fiz minha prestação de contas e levei para uma auditoria. Está tudo correto. Poucas pessoas não receberam, e são contas desse sub-19. É fácil tu criticar e atirar pedras. Mas eu estava lá todos os dias, às vezes sem almoçar. Recolhia dinheiro no domingo para pagar o árbitro, estava sempre correndo. Eu não acertei tudo. Mas herdei dívidas de presidente que deixou mais de R$ 24 mil. Crítica sempre vai ter. Ninguém é perfeito.
Arrependimentos
Hoje, se eu pudesse voltar no tempo, eu não teria deixado o Riograndense. Teria ficado até 2017, como era o meu projeto, e fazer com que o Riograndense chegasse à primeira divisão. Mas, naquele momento, eu era um pouco inexperiente, a pressão era muita e eu acabei saindo (...) Eu errei no Riograndense porque eu fazia sozinha as coisas. Eu poderia ter tido uma equipe que, talvez, deveria ter se envolvido um pouco mais no trabalho. Acabou que eu cansei (...) Cometi erros. Mas tenho certeza que deixei um legado. Me arrependo de não ter ficado. Nós não teríamos caído.
A perda do time sub-19 e os contratos longos
A perda da nossa base foi muito ruim. Era uma base maravilhosa. Teria jogado (a Divisão de Acesso 2016) com a nossa base se ainda fosse presidente. Quem sabe, poderíamos ter ido até melhor. A questão de fazer contratos muito longos com eles (alguns jogadores do time sub-19 assinaram contratos de dois e três anos, o que onerou o caixa do clube) foi um erro. Mas não foi um erro só da Lisete. Quando eu assumi como presidente, falei que sabia tratar de gestão e de captação de recursos. Mas não tinha experiência na parte do futebol. Foi uma das coisas que foi feita errada. Mas havia pessoas no clube com experiência nisso.
Problema de liberação de estádios
Quando eu saí do clube (agosto de 2015) já se sabia o que precisava ser feito. Todas as reformas. Isso se chama planejamento. Tudo poderia ter sido feito com antecedência. Às vezes usamos algumas desculpas do tipo "caímos por causa dos bombeiros". Mas, se tivessem sido feito um trabalho antecipado, o que eu acho que precisa ser feito agora, buscando pessoas comprometidas.
Sugestão à FGF
Sugeri ao presidente Francisco Novelletto (da FGF), além de reservar um auxílio financeiro ao clubes do Interior, que ele precisa, urgente, de pessoas capacitadas. Que a federação ofereça pessoas capacitadas para quem estiver à frente dos clubes. Para a captação de recursos, como se faz gestão, como se faz um setor financeiro, como buscar mais sócios, ações inovadoras que tenham no mercado. Temos muitos clubes em estado caótico. N]ao é só o dinheiro que está faltando. Está faltando organização.
Relação com os jogadores
Tenho contato até hoje com os jogadores. O Alex Xavier (zagueiro) me manda mensagens toda a semana, o Feijão (goleiro), que me liga no Natal no Ano-Novo. Cada vez que um jogador estava doente, eu fazia chá , dava remédio, levava no médico. Eu levava no meu carro. Isso é fundamental. As pessoas que estão ali são seres humanos e que precisam ser tratados como tal. Nesse período (desde o início do ano), recebi muitos telefones de pais de jogadores pedindo para que eu fizesse alguma coisa pelo clube. Todos são meus amigos. E isso não tem preço.
*DIÁRIO DE SANTA MARIA