O ano de 2016 é histórico para o esporte brasileiro e decisivo para o seu futuro. E é disso, principalmente do futuro, que falaremos a seguir.
Porém, antes, uma informação fundamental neste contexto: no início de abril, a presidente Dilma Rousseff vetou uma emenda de minha autoria que prorrogaria até 2022 a isenção de tributos federais para importação de equipamentos e materiais esportivos sem similar nacional. Tal isenção é fundamental para dar igualdade de condições nos treinos e nas competições para os atletas brasileiros.
Tal veto é mais do que apenas um veto. Trata-se de mais um indicativo de que a política de construção de uma cadeia de apoio e fomento ao esporte, que foi esboçada nos últimos anos e nunca completada, terá um fim trágico depois dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que ocorrem em agosto, seja qual for o governo.
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Os Jogos foram, ao longo dos últimos 120 anos, desde que voltaram a ser realizados, uma importante ferramenta de disseminação da cultura esportiva. Em geral, os países que receberam o evento viveram importantes avanços na democratização do acesso ao esporte aqui compreendido em seu sentido mais amplo: da recreação e iniciação ao alto rendimento. Tal possibilidade mobilizou toda comunidade esportiva que, entusiasmada, viu na sua realização a esperança de que o tão falado legado dos Jogos promovesse o fortalecimento da cultura esportiva e seus inúmeros benefícios em todo Brasil.
Não temos e ainda não garantimos uma legislação que possibilite o desenvolvimento do esporte como política pública com relevante papel social, como determina a nossa Constituição. O Sistema Nacional do Esporte e um Plano Decenal da área não têm perspectiva de saírem do papel.
As crises econômica e política do país, hoje, afetam todas as áreas sociais. Os cortes nos orçamentos dos governos estaduais e federal indicam que o investimento do esporte será reduzido quase a zero, em muitas situações e programas como Bolsa Atleta, por exemplo, correm riscos após o final do ano.
E, nesse momento, precisamos unir forças e lutar para que o legado de Rio 2016 não seja o abandono do esporte. O esforço de todos aqueles que constroem diariamente com sacrifício o esporte brasileiro, não deve servir apenas para a ocasião de momentânea de fotos e medalhas. É preciso pensar nas gerações futuras.
*ZHESPORTES