Anos 60. Grêmio x Santos. Estádio Olímpico Monumental. Não um Santos qualquer. Mas um time histórico, galáctico, que tinha, entre outros craques, Zito, Mengálvio, Dorval, Pepe, Coutinho e Ele, o melhor de todos os tempos, Sua Majestade, Pelé.
Jogada no meio de campo. O Rei veio com a bola dominada e tentou dar um drible desconcertante no zagueiro central do Tricolor da Azenha. Só que, além de não conseguir, a fera foi desarmada facilmente e, para completar, levou um "chapéu" do abusado adversário, jogada que entrou para as páginas da memória do nosso futebol. Afinal, Pelé estava diante do melhor zagueiro do futebol gaúcho de todos os tempos, a lenda, Airton Ferreira da Silva, o Pavilhão Tricolor, que nos deixou há quatro anos (3/4/2012), aos 77 anos.
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Airton nasceu em Porto Alegre no dia 31 de outubro de 1934. Começou sua carreira aos 15 anos no simpático Força e Luz, clube do Caminho do Meio, que revelou também outro craque da bola, o ponteiro-direito Dorval. De volante no Forcinha, o nº 5 daquela época (center-half), passou a zagueiro-central no Grêmio durante 14 anos, dono absoluto da área, graças ao olhar talentoso de Oswaldo Rolla, o famoso Foguinho, ex-atleta na Baixada e, depois, técnico vitorioso do Tricolor nas décadas de 50 e 60. O apelido de Pavilhão veio de sua contratação pelo Grêmio, em 23 de junho de 1954, por 50 mil cruzeiros, mais a arquibancada principal (Pavilhão) do estádio do Força e Luz.
Foram muitos títulos pelo Grêmio. Levantou a taça de campeão gaúcho por 11 vezes. Conquistou também o Pan-Americano com a verde-amarela, em 1956. Além do Tricolor, defendeu o Santos (1960) e o Cruzeiro de Porto Alegre (1968), junto com o lateral Ortunho. O Cruz Alta foi seu último clube profissional, onde atuou de 1969 a 1971, para o adeus definitivo ao futebol profissional.
Com um corpo privilegiado, 1m87cm, quem viu o Pavilhão jogar durante 22 anos afirma sem errar: "Ele nunca fez uma falta. Desarmava com absoluta elegância". Tinha uma jogada característica. Dominava a bola na linha de fundo e, acossado pelo atacante, atrasava para o goleiro, de letra, para o aplauso dos torcedores e aflição do técnico Foguinho.
– Joguei no Santos ao lado de Pelé, Jair da Rosa Pintoe Zito, Pepe. Mas voltei para o Sul com saudades do churrasco, do chimarrão, do minuano e, principalmente, do meu Grêmio – afirmava sempre, nas rodas de futebol, o craque Airton Ferreira da Silva, maior zagueiro do futebol gaúcho de todos os tempos, que agora vai virar nome de rua nas imediações da Arena, bem pertinho do seu clube do coração.
*ZHESPORTES