A luta irresignada do Brasil em busca do empate diante do Paraguai não pode apagar o que o time fez antes dos minutos finais do jogo. Não se pode esquecer que a equipe, apesar da reação, foi inferior ao adversário em quase todo o jogo.
A Seleção passou todo o primeiro tempo em aparente busca pelo contra-ataque. Acuado por um Paraguai de postura agressiva, tinha dificuldade para frear as jogadas pelos lados, especialmente do lado direito da defesa, onde Edgar Benítez e Samudio se combinavam. Quando aparecia a chance do contragolpe, o Brasil esbarrava no isolamento de seus homens de frente. Willian, Douglas Costa e Ricardo Oliveira tinham de se virar sozinhos, enquanto o resto do time, talvez temeroso com o que poderia acontecer se avançasse, permanecia lá atrás.
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Para piorar, os erros na saída de bola se acumulavam. Pouco antes do primeiro gol, Fernandinho perdeu para Ortíz e deu origem a um lance de perigo. Ele e Willian combinavam uma jogada quando permitiram o desarme e o início da jogada em velocidade que resultou na abertura do placar.
A troca de Dunga no intervalo mostrou a leitura equivocada que fez do primeiro tempo. O Brasil teve dificuldade de controlar o jogo, de ter a bola no pé durante os primeiros 45 minutos. Seu técnico então sacou um jogador de meio-campo para colocar um atacante de origem – sem trocar o esquema, que permaneceu no 4-1-4-1 –, mas perdendo a oportunidade de inserir um Philippe Coutinho, um Lucas Lima que fizesse a bola circular.
A situação se agravou com o segundo gol, marcado após uma sucessão de erros de marcação. Luiz Gustavo foi acompanhar Roque Santa Cruz até o lado esquerdo do campo. Driblado, deixou um espaço gigantesco à frente da área, aproveitado por Ortíz para dar passe preciso para Benítez, que entrou em diagonal e finalizou.
A reação brasileira parecia improvável assim que a nova formação começou a tentar furar o que passou a ser um bloqueio defensivo do adversário. A única jogada minimamente coordenada surgia da aproximação de Douglas Costa e Hulk pelo lado esquerdo. Era pouco.
Dunga então arriscou tudo, sacou Luiz Gustavo e colocou Lucas Lima, passando Renato Augusto à função de proteção da defesa no 4-1-4-1. Ultraofensiva, a segunda linha de quatro passou a ter Willian na direita, Lucas Lima e Douglas Costa por dentro e Hulk na esquerda.
Com o meia do Santos em campo, o Brasil ao menos passou a ter aproximação dos lados, com Daniel Alves, Willian e Lucas Lima pela direita, Filipe Luís, Hulk e Douglas Costa no outro flanco. Os movimentos dos dois trios passaram a encontrar espaços e foram responsáveis pelos dois gols, que ao menos salvaram a Seleção da derrota.
Os minutos finais, ainda que empolgantes, não indicam uma clara evolução da Seleção Brasileira. A formação era claramente emergencial, típica de um time na busca desesperada de evitar uma derrota. Não há como sustentar 90 minutos com a formação arrojada que impulsionou a reação. E quando percebemos o que o Brasil fez com o time que iniciou o jogo, não há como dar contornos otimistas à análise do empate nem à projeção do que pode acontecer com o futuro da Seleção Brasileira.
*ZHESPORTES