A decisão final ainda não foi tomada. Mas, por enquanto, não há nenhuma sinalização que indique o contrário. Na manhã desta quinta-feira, em comunicado no site do clube, a diretoria executiva do Riograndense decidiu não disputar a Divisão de Acesso 2016.
Na próxima segunda-feira, às 18h30min, o Conselho Deliberativo irá se reunir para definir se a decisão inicial será acatada. Em conversa com a reportagem do "Diário", o presidente da FGF, Francisco Novelletto, afirmou que pretende "aconselhar" o Riograndense a não sair da disputa.
Enquanto isso, mais de 30 profissionais (jogadores e comissão técnica) seguem com o futuro incerto, e é possível que muitos desistam de vestir a camisa esmeraldina, mesmo que a posição inicial seja revertida. O próprio técnico Rodrigo Bandeira já confirmou a sua saída. Nesta tarde, o clima era de desolação nos Eucaliptos:
- Estou desde 1983 acompanhando o clube. Fui maqueiro, pedreiro e, neste ano, recebi a primeira oportunidade como roupeiro. Hoje, abri o vestiário e me deu uma enorme tristeza. Estou muito chateado - lamentou o roupeiro Mário Fernandes.
Rodrigo Bandeira é o novo técnico do Glória
O que pouca gente sabe são os reais motivos que levaram a direção a tomar tal atitude. São poucas pessoas que se dispõem a falar abertamente.
- O problema do Riograndense são as pessoas. Não é dinheiro. Não tem ninguém que quer assumir o clube. Temos R$ 120 mil para pegar na federação (FGF) - disse um conselheiro que não quis se identificar.
O clube está desde a última quinta-feira sem presidente. José Luiz Coden, que sofre de problemas cardíacos, está em licença para realizar tratamento médico. Coden deve ficar afastado por, pelo menos, dois meses.
De 1985 a 1998, o Riograndense ficou 13 anos licenciado do futebol profissional.
Com o anúncio de desistência da disputa, o Riograndense pode ser punido severamente. Conforme prevê o regulamento da competição, o clube terá a sua situação relatada pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF) ao Tribunal de Justiça Desportiva.
A penalização, segundo o presidente da FGF, passa por rebaixamento à Terceirona Gaúcha, impossibilidade de participar de campeonatos organizados pela entidade nos anos de 2016, 2017 e 2018, além de multa que varia entre R$ 10 mil e R$ 100 mil. No entanto, o artigo 33 não deixa claro a diferença de penalidades entre o abandono antes e durante a Divisão de Acesso. Conforme o artigo 79, cabe exclusivamente ao presidente da FGF resolver os casos omissos, bem como as dúvidas de interpretação do regulamento.
Na Divisão de Acesso, o que pode mudar é o rebaixamento de apenas uma equipe em cada grupo, e não de três clubes entre os dois grupos conforme previsão inicial. Isso já aconteceu recentemente na última temporada quando o Cerâmica anunciou que não participaria da competição.
- Cada caso é um caso. Eles deveriam esperar após o início previsto em regulamento para dar essa notícia. A pena seria menor, pois teria um grande motivo: o problema em liberar os estádios. Mas não acredito que o clube deva desistir - comentou Novelletto, garantindo que irá aconselhar o Riograndense a não deixar o campeonato.
Para o presidente do rival Inter-SM, Heriberto Marquetto, a decisão da diretoria deve ser revertida na segunda-feira.
- Eles irão participar. Acredito que seja uma jogada do clube até para mobilizar a torcida. O momento é difícil para todos. A nossa situação não é muito diferente da deles (Riograndense). No entanto, nós vínhamos trabalhando desde setembro em cima dos patrocinadores - afirmou Marquetto.