Pouco mais de um ano após assumir a secretaria de Turismo, Esporte e Lazer, Juvir Costella faz um balanço positivo de sua gestão na área esportiva, ainda que tenha recebido críticas sobre sua inexperiência na área, os investimentos no esporte sob sua gestão e até a forma com que trata os servidores.
Nesta entrevista a ZH, Costella comemora a aprovação do aumento do investimento na área para 2016 e fala sobre os questionamentos que enfrentou.
Que balanço o senhor faz deste primeiro ano de gestão?
Nos deparamos com uma secretaria unificada, de turismo, esporte e lazer. Iniciamos com um processo de gestão, diminuição de custeio. Corte de contratos, de contratos emergenciais, enxugamos despesas em todas as áreas, desde o servidor até a contratação dos serviços que eram terceirizados. Conseguimos a redução de mais de 50% do custeio da secretaria, e devolvemos na questão esportiva e do turismo no Rio Grande do Sul. Acredito que conseguimos avançar muito, mesmo com a crise. Ela é um perigo, mas ao mesmo tempo uma oportunidade. Oportunidade de enfrentá-la, com criatividade e transparência. Devolvemos à sociedade melhores condições.
Logo que o senhor foi indicado, recebeu críticas por conta da inexperiência na área do esporte. Como recebeu, à época, esses questionamentos, e como os vê hoje?
Acredito que essa questão está superada, até porque, para mim, eram críticas construtivas. Quando se fala na falta de experiência na área de esportes se ignora os 40 anos que tenho na vida pública como gestor. Em gestão, creio que tivemos êxito. Na área esportiva, nos cercamos de pessoas qualificadas para desenvolver o esporte. O gestor tem de ter capacidade de aglutinar os seguimentos esportivos. Acredito que conseguimos superar dificuldades com trabalho, criatividade e parcerias. Sobre essa questão da área, dou o exemplo dos ministérios: quem foi nosso ministro da saúde? Era médico? Não, era economista. Minha área não é a educação física, mas sou gestor. E me considero um bom gestor. Diminuímos servidores, quadro, custeio, e enfrentamos a crise. Não a colocamos na gaveta.
Outra questão colocada na época da indicação foi de que ela se deu com o objetivo de garantir ao deputado Ibsen Pinheiro um lugar na Assembleia, já que o senhor havia feito mais votos do que ele na eleição e, assumindo uma secretaria, não tomaria o lugar como deputado. Essa avaliação do motivo da indicação é precisa?
Não vejo minha indicação para uma secretaria e minha convocação pelo governador como motivo para que outro deputado assumisse, ou não, na Assembleia. Se eu não fosse secretário, talvez outro deputado fosse. Quando o governador me convocou, não titubeei e aceitei porque é um desafio. Claro, depois de mim havia outros deputados, que eram suplentes, e foram assumindo e galgando seu espaço. Mas eu não aceitei ser secretário para que o Ibsen assumisse na Assembleia. Aceitei porque fui convocado e convidado pelo governador, e também porque, para minha vida pessoal e profissional, é um desafio. Poderia estar na Assembleia, trabalhando como deputado, e aceitei ser secretário de Estado e contribuir dessa forma.
Como o Estado se insere na participação dos atletas para a Olimpíada?
Nós iniciamos 2015, no primeiro ano de governo e em meio a uma crise, já disponibilizando recursos. Via Fundergs, quase R$ 4 milhões, e via Pró-Esporte, R$ 12 milhões. Para este ano, teremos duplicados os recursos na área da Fundergs, e mais de 60% de acréscimo nos investimentos via Pró-Esporte, com o objetivo da Olimpíada de 2016. Acredito que o Estado está investindo, e muito, no esporte. O investimento não é só para a Olimpíada, mas também as atividades esportivas, a inclusão, projetos educacionais esportivos, participação, atletas que serão atendidos não apenas na área de rendimento. Temos recursos para a formação de atletas. Temos uma Olimpíada em 2016, mas outras Olimpíadas mais adiante. O investimento não pode parar neste ano. Gradativamente, de acordo com a recuperação do Estado, queremos aumentar esses investimentos na área esportiva.
O Paulão, que foi diretor de esportes da secretaria, criticou o que ele vê como uma limitação dos investimentos no esporte, e citou que há um teto de R$ 800 mil para projetos da lei de incentivo. Disse, também, que as comissões técnicas não recebem através da lei. Como o senhor responde a essas críticas?
Primeiramente, a questão do quanto é investido pode ser ilustrada com exemplos. Falaste do Paulão do vôlei, que hoje é treinador do Bento Vôlei. O Bento Vôlei apresentou, em 2015, um projeto de rendimento no valor de R$ 800 mil. E foi aprovado. Apresentou também um projeto educacional de R$ 600 mil que não cumpriu com as exigências e foi retirado pelo próprio Bento. Vou dar outro exemplo: o Voleisul, de Novo Hamburgo, apresentou três projetos. Um de R$ 800 mil, um de R$ 600 mil e um de R$ 400 mil, totalizando R$ 1,8 milhão. Os três foram aprovados. Eu te perguntaria: é pouco um investimento de R$ 1,8 milhão no Voleisul? Me permita responder: eu acho bastante. É um belo investimento do Estado porque não é patrocínio, é um apoio. O governo apoia o vôlei assim como o judô, o atletismo e outras modalidades. Volto aquele ponto: nós investimos, em 2015, R$ 12 milhões. Talvez para alguns, talvez para o Paulão, é pouco dinheiro. Para mim é muito. Gostaria de poder ter investido R$ 20 milhões, R$ 30 milhões, R$ 40 milhões. Já em 2016, vamos investir R$ 20 milhões. Mas as entidades esportivas têm de estar preparadas para apresentar seus projetos. Um investimento de R$ 800 mil eu acho bom, mas pode chegar a R$ 1,8 milhão. Este é o patamar, não é R$ 800 mil, é R$ 1,8 milhão.
Recentemente, uma declaração sua de que o calendário da Fundergs de 2015 foi cumprido motivou críticas, já que três eventos não foram realizados. Como o senhor vê essas contestações?
A Fundergs realizou todos os eventos possíveis, que dependeram exclusivamente da ação e do envolvimento do seu quadro funcional em 2015. Ao todo, realizamos oito competições, que envolveram diretamente 14.747 mil pessoas, entre atletas, técnicos, professores, árbitros e organizadores.
Até que ponto a junção da pasta com o turismo prejudicou o esporte?
Nós tivemos outras pastas que foram unificadas. Não vejo prejuízo para as entidades esportivas. Não pode é desqualificar isso. A unificação das secretarias não quer dizer que vamos priorizar uma ou outra. Vamos intensificar todas as áreas. O que há, por parte do governo, é que vamos dar continuidade no incentivo da prática esportiva. Tanto é que vamos aumentar os recursos para 2016.
No momento da saída do Paulão, ele criticou sua forma de gerir a secretaria e deu a entender que o senhor tem dificuldades para trabalhar em equipe. Como o senhor recebe esse questionamento?
O homem público tem de estar sempre preparado para algumas questões: a crítica, a disposição para o diálogo, a transparência em tudo que faz. Na secretaria nós adotamos o seguinte: o secretário é o primeiro a chegar e o último a sair. Isso me dá a oportunidade de pedir aos servidores que também tenham horário para chegar, cumprimento de tarefas. Não tenho nada contra o cidadão Paulão, ex-atleta, medalhista, representa o nosso Brasil e o nosso Estado. Acho ele uma pessoa formidável. Mas ele não é para o serviço público. Ele não saiu da secretaria, foi demitido. É diferente. Não se adaptou ao serviço público. Talvez na iniciativa privada, como treinador, sem horário para chegar e para sair...Sei que eu tenho de estar na secretaria antes das 8h30min e não posso sair antes das 18h. A secretaria hoje trabalha com mais de 80 servidores. Seus diretores não podem ser os últimos a chegar e os primeiros a sair. Há deveres e obrigações. Acredito que, sobre o ambiente da secretaria, o dia que tu quiseres caminhar por aqui e conversar com os servidores, vais ver que eu sou aberto ao diálogo e que não temos dificuldade nenhuma.
* ZH Esportes