Se há como descrever Filipe Toledo em uma palavra, a mais apropriada é ascensão. Caçula dos integrantes da elite do surfe, o local de Ubatuba pode conquistar, aos 20 anos, seu segundo mundial no esporte. O primeiro foi ano passado, quando venceu a divisão de acesso (WQS). Agora, depende apenas de si para ser campeão em Pipeline, no Havaí, na disputa que vai de 8 a 20 de dezembro.
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O paulista é segundo colocado no ranking, com 49.700 pontos. Pelos números, tem mais chances de levantar o troféu que o próprio Mick Fanning, líder, com 49.900. Isso ocorre porque, para o título, valem os nove melhores resultados de cada surfista - são descartadas as duas piores classificações. Por enquanto, houve apenas um descarte, e Filipinho tem a perder 500 pontos (por um 25º lugar), enquanto Fanning descartará 1.750 pontos, de um 13º lugar.
A tarefa, porém, não será facil. Maior vencedor da temporada, com três triunfos e três notas 10 (Gold Coast, Brasil e Portugal), Filipinho tem a chance da consagração justamente em um local que oferece perigos ao seu estilo de surfe. Especialista em aéreos, as ondas pesadas e tubulares são suas principais fraquezas. Em 2014, até teve um bom resultado em Pipeline. Ficou em quinto lugar, parando em Gabriel Medina.
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O resultado não seria ruim, caso o compatriota não tivesse deixado o mar para comemorar, conceder entrevistas e voltar à água para vencer. Apesar disso, o surfista mostra confiança em realizar o sonho, como prova em entrevista concedida à ZH:
Você já está em Pipeline, se preparando para a grande final. Como tem sido sua rotina de treinos?
Tenho procurado curtir meus dias aqui da melhor forma, sem estresse. Nada de sobrecarga agora, apenas quero estar bem no dia do evento. Surfo o suficiente, me alimento bem e descanso bastante.
Pelos números, você tem até mais chances que o líder Mick Fanning de levantar o caneco. Como está a sua confiança?
Confiante, mas com os pés no chão. Não estamos lidando com qualquer um. O cara é três vezes campeão mundial, o outro é o atual campeão mundial (Gabriel Medina), além de Mineiro, Julian Wilson e Owen Wright... Quer mais? (risos)
Há como apontar quem chega melhor entre os brasileiros: você, Mineirinho ou Medina?
Eu vencendo o campeonato, pode ser qualquer um (risos)... Mas espero ir bem em Pipe.
Você venceu três finais este ano com notas 10. Isso lhe surpreendeu de alguma maneira?
Depois que comentaram sobre isso, que eu percebi. Foi algo bem interessante... Mas já passou. Agora é focar em fazer isso em Pipe.
Muitos apontam as ondas tubulares e fortes como seu ponto fraco. Como você encara isso?
Rindo! Se alguém achava que ia chorar, se enganaram (risos). Claro que não sou "expert" neste tipo de onda, mas gosto de surfar ondas tubulares. Já mostrei isso em The Box (Austrália) e em Pipe ano passado, então quero mais é conseguir pegar alguns bons e vender caro minha derrota, se isto vier a acontecer.
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