No último dia 20, o Genoa fez um jogo-treino contra o San Domenico Savio, da quinta divisão italiana. Venceu fácil pelo placar de 13 a 2. O macedônio Pandev fez cinco gols e deu passe para outro. Mas dividiu espaço no noticiário com Bruno Gomes. Autor de dois gols, o ex-colorado está cercado de curiosidade. Até porque esses jogos-treinos são os raros momentos em que os italianos podem conferi-lo.
Como o negócio fechou nos últimos instantes da janela de transferências, a Fifa avisou que seu registro só será aceito em janeiro. O Genoa já marcou sua estreia: 6 de janeiro, no clássico genovês com a Sampdoria. Bruno é tratado pelo técnico Gian Piero Gasperini como grande reforço ofensivo.
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Aos 19 anos, chegou a Gênova com fama pelos 130 gols na base do Desportivo Brasil e pelo período de observação no Manchester United. Nos treinos, confirma. Em seu primeiro coletivo, fez dois gols. Uma semana antes do jogo-treino dos 13 a 2, atuou pelos juniores contra os profissionais. A gurizada levou 10 a 3. Bruno fez o seu.
Os dirigentes do Genoa estão satisfeitos. O Inter emprestou Bruno por um ano, com os direitos fixados em 3,8 milhões de euros. O que é pouco para uma promessa (só para comparar, o clube pagou 2,8 milhões por Rafael Moura, então com 29 anos, em 2012). Os italianos só esperam que confirme em campo o que se vê nos treinos para exercer o direito de compra.
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A mudança para a Itália está longe de ser motivada por razões financeiras. Embora o salário maior, o carro e a casa bancados pelo Genoa, o guri saiu mesmo por falta de oportunidades no Beira-Rio. Seu staff achou que era tempo demais oito meses no grupo principal à espera de uma chance – que não veio mesmo com o rodízio de Diego Aguirre.
– Olha, o Inter não quis, esse presidente nunca manifestou interesse em valorizar o Bruno. Não sei qual o motivo, talvez tenha sido porque foi o (Giovanni) Luigi quem o levou para o Beira-Rio. O jogador precisa ser valorizado. Foram oito meses no profissional, e o Bruno não teve oportunidade. Não sei qual o motivo – desabafou uma pessoa do entorno do atacante, pedindo anonimato.
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O Inter buscou Bruno no Desportivo Brasil no final de 2013. Ganhou disputa com o São Paulo, que já estava com o contrato redigido à espera da assinatura do guri. Mas seu staff inspirou-se no histórico do Inter na formação e no sucesso alcançado pelo meia Oscar para escolher o Beira-Rio. Na negociação, Inter e Traffic, dona do Desportivo Brasil, ficaram com 50% cada dos direitos.
Em uma temporada em Porto Alegre, o guri comprovou a fama de goleador trazida de São Paulo. Fez, segundo sua conta, 26 gols e acabou como artilheiro da Copa do Brasil Sub-20, com sete. Promovido em janeiro, foi relacionado para dois jogos do Brasileirão – nas derrotas para Atlético-PR e Sport. Em ambos, ficou no banco.
A tendência, neste ano, é de que siga com a rotina de treinos. Os primeiros recursos do Genoa foram negados pela Fifa. O clube recorreu, sem muita esperança de êxito. Tanto que ainda nem sequer apresentou oficialmente Bruno à imprensa.
Enquanto espera o registro, o guri faz trabalho especial para encarar o futebol italiano. Já ganhou 1,5 quilo de massa muscular. O plano é confirmar todas as expectativas no returno do campeonato e ficar em definitivo no Genoa. Sobre o Inter, uma pessoa próxima ao jogador resume a frustração:
– Acredito que o Inter poderia ter feito com o Bruno o mesmo trabalho que o Santos fez com o Gabigol. Mas faz parte.
*ZHESPORTES