Uma porta automática separava Adriano de Souza de mais de 200 pessoas que aguardavam ansiosas no portão de desembarque do Aeroporto de Florianópolis. A cada breve abertura, um mar de pessoas vestidas com camisas homenageando o novo campeão mundial de surfe se atiçava: "o campeão chegou", "a taça do mundo é nossa" cortavam o anúncio de voos e chegadas.
Foi uma junção de tudo: família, amigos, fãs, curiosos que iam pegar voos e viam a movimentação e até crianças de colo que já ouviam de seus pais: "olha! Esse é o Mineirinho, o melhor do mundo no surfe". No pelotão de frente da comemoração estava Guilherme, de 10 anos. O cunhado do atleta vê no noivo da irmã o próximo professor de surfe. A felicidade com a volta do paulista, com apelido de mineiro e coração e morada catarinense era ecoada por todos no saguão.
– Esse título é uma comemoração de tudo que ele é. Dedicado, esforçado, focado. Tenho muito orgulho de ter ele na minha família – derrete-se o sogro, Rogério Eicke.
Dedicação essa que foi bastante necessária para enfrentar o início de um ano longe do ideal. O tempo que seria de férias foi usado para uma recuperação recorde de uma lesão no joelho direito: 74 dias. Depois muitas etapas pelo mundo, treino e alguns poucos tropeços, veio a última quarta-feira com a vitória inédita de um brasileiro nas ondas de Pipeline e o título mundial, que garantia também o bicampeonato brasileiro.
As comemorações começaram ainda no Havaí, desembarcaram em São Paulo e seguem com força em Florianópolis. Na primeira vez que apareceu para todos que esperavam, Mineirinho segurou a taça acima da cabeça e logo correu para o abraço da família. Foi uma chuva de balões, muitos gritos e papel picado. Recepção digna de ídolo.
A cada passo pelo saguão, uma nova selfie e aperto de mão. A paciência parecia não ter fim, assim como o sorriso que congelou no rosto.
– Ser campeão do mundo já foi maravilho e ser recepcionado assim em Floripa é ainda melhor. Está sendo mágico, um encanto. Quero aproveitar cada segundo desse título – comemorou o atleta.
Na saída do terminal, ele subiu ao lado da noiva, Patricia Eicke, no caminhão dos bombeiros a caminho da Avenida Beira-mar Norte. Durante a carreata, Mineirinho foi ovacionado e se dividia entre segurar a taça e a bandeira do Brasil.
O que vem agora? Descansar e aproveitar o verão.
– Não vou nem encostar na minha prancha pelos próximos dias. Quero descansar e comemorar bastante essa vitória. Ser "campeão" é rápido, por isso me prometi que vou aproveitar. Depois eu penso nos treinos – comentou.
Mas talvez essa pausa do mar não dure tanto tempo assim. Entre uma entrevista e outra já apareceu o cochicho: "esse vento é que mesmo? Nordeste?"