O Santa Maria Soldiers sonhava em levar um público de 800 pessoas a um estádio em um jogo de futebol americano. O Universitário Rugby Santa Maria tinha o desejo de ser reconhecido nas ruas como uma equipe. A história dos dois times ainda é bastante recente - ambos foram fundados em 2009. Mas, a partir de uma forte ligação com a comunidade santa-mariense, os representantes do futebol americano e do rúgbi da cidade já alcançaram um patamar inimaginável até poucos anos atrás.
Em 24 de agosto de 2015, 800 pessoas acompanharam a vitória do Soldiers sobre o Porto Alegre Bulls na estreia da Liga Nacional, no Estádio Presidente Vargas, em Santa Maria - público superior a alguns jogos da dupla Rio-Nal na Divisão de Acesso. Em 19 de julho, o Universitário conquistou o título gaúcho da segunda divisão com 10 vitórias em 10 jogos. Dias depois, o técnico do time, Bryan Backes, recebeu o reconhecimento tão esperado em nome da equipe:
- Aconteceu de algumas pessoas me pararem na rua e me darem um abraço pelo trabalho que estava sendo feito. A questão não é só conquistar atletas e títulos. Mas, sim, criar uma identidade com a cidade. E o "Diário" foi fundamental porque joga junto - avalia Bryan.
As diferenças entre o futebol americano e o rúgbi
Ver o nome publicado no jornal, seja na edição impressa ou no site, é algo extremamente valorizado pelos atletas amadores - ninguém recebe salários para jogar, e todos têm outras profissões ou estudam.
- O importante é sermos reconhecidos como atletas. É um reconhecimento do nosso trabalho. Antes te paravam e te perguntavam se tu jogavas rúgbi ou futebol americano. Algumas pessoas ainda confundem. Mas, por meio do "Diário", hoje as pessoas têm uma noção básica das diferenças entre os dois esportes - comenta Guilherme Busanello, jogador de ataque do Soldiers.
Soldiers recebe maior público da história
Em Santa Maria, diferentemente de outras cidades, onde a rivalidade está acima do esporte, o futebol americano e o rúgbi andam lado a lado. E crescem juntos. A conquista de um é a comemoração do outro. Nos jogos disputados em solo local, é possível identificar a presença de atletas de uma modalidade torcendo pela outra nas arquibancadas. É algo recorrente. Mas a visão de mundo dos jogadores de Universitário e Soldiers extrapola as quatro linhas e emociona.
Universítário é campeão gaúcho da segunda divisão
Fora de campo, eles jogam pela comunidade. Se precisar separar roupas para os desabrigados da chuva, eles estarão lá. Quando um companheiro perde a casa, as duas tropas se unem pela reconstrução. É a parte comunitária dos dois esportes. E outra característica marcante nas duas modalidades é a inclusão. Há espaço para todos os biotipos.
- Antes, o gordo era o goleiro do futebol de salão. Hoje, ele faz parte de uma equipe de rúgbi ou de futebol americano - comenta Antonio Medeiros, integrante da diretoria do Universitário Rugby.